Saúde

BURNOUT NÃO É FRESCURA, NÃO

E NÃO É SÓ A NOSSA SAÚDE MENTAL QUE SOFRE COM ELE


Gabriela Hunnicutt | Jul 02, 2019

 

Assim como tem gente que não dá crédito para doenças como a ansiedade e a depressão, muitos consideram o burnout uma frescura dos tempos modernos. Em parte, essas pessoas estão certas, mas só em parte: o fato de, sim, estar altamente relacionado com o nosso estilo de vida atual. De resto, não tem nada de mimimi ou preguiça de sair da cama. O Brasil ocupa o 2º lugar em nível de estresse, perdendo apenas para o Japão, segundo uma pesquisa do Internacional Stress Management Association (ISMA). Desse montante, cerca de 30% sofre ou vai sofrer de burnout.

Mas, afinal, como ele surge e quem afeta? O burnout nada mais é do que a síndrome do estresse profissional, quando o indivíduo chega à completa exaustão. Como nos explica a dra. Patricia Valentini de Melo, médica especializada em medicina funcional e integrativa: "Quando estamos estressados, o nosso corpo entende que estamos ameaçados. E mesmo que não haja uma ameaça real, ele atua como se houvesse e começa a liberar picos de cortisol e adrenalina para que possamos lutar ou fugir e nos mantermos vivos”. Essa resposta a uma ameaça deve ser aguda, ou seja, durar poucas horas. Quando começa a se tornar crônica, a nossa saúde passa a ficar em risco. E é isso o que fazemos quando estamos o tempo todo estressados. 

“O corpo não suporta níveis altas de cortisol todo o tempo. O cérebro responde com doenças como ansiedade e depressão. O sistema imune é abalado e surgem as microinflamações, responsáveis pelas doenças crônicas que vão nos acompanhar ao longo da vida – aquelas ditas da idade mas, que, na verdade, são causadas por um estilo de vida errado”, diz dra. Patricia. 

“Mas o pior de tudo é que, com o tempo, ele vai estafando o nosso sistema, o eixo hipotálamo-hipofise-adrenal e quando acontece a desregulação, partimos para a deficiência hormonal, além de estafar o nosso sistema nutricional, levando à falta de nutrientes especialmente o magnésio e, finalmente, o próprio cortisol. Níveis muito baixos de cortisol nos deixam exauridos, afetam nossa criatividade, nos deixa irritado e até explosivo”, explica a médica.

Com esse quadro alarmante, o que podemos fazer? Você não precisa bater agora na porta do seu chefe e pedir as contas, mas pode adotar algumas medidas para melhorar a sua qualidade de vida. 

  1. Tenha uma alimentação mais natural e menos inflamatória. Aqui a gente te conta como.
  2. Faça atividade física regularmente, mesmo que seja uma caminhada diária de meia hora. Já é melhor do que o sedentarismo.
  3. Medite. O mindfulness é considerado uma ferramenta muito potente contra o estresse e a depressão, além de fortalecer o seu autoconhecimento.
  4. Descubra um hobby ou uma atividade que te dê prazer e seja relaxante.
  5. Não faça nada. Isso mesmo. Reserve algum tempo para o ócio. 

Claro que, além de tudo isso, você vai ter que aprender uma outra arte: a de dizer não. Seja no trabalho, seja na vida pessoal. Só assim é possível manter o equilíbrio físico e emocional tão importantes para você e para a sua saúde.