A combinação de tahine e especiarias com ação digestiva, como no caso do cardamomo, acalma a mente e estabiliza as emoções dos três doshas: kapha, pitta e vata – classificação da Ayurveda de acordo com o temperamento e características físicas de cada pessoa. O estômago e os pulmões do primeiro dosha ainda são beneficiados com menos congestão e muco; e vata fica mais pacífico nas fases de desequilíbrio. Pitta sente mais força mental e física, mas deve reservar o tahine para o inverno e a primavera, devendo suspender o consumo desse ingrediente no verão – explico o por quê logo abaixo da receita. Agora aproveite que ainda está friozinho para preparar e se deliciar com este prato surpreendente e fácil de fazer.
RECEITA
INGREDIENTES
1 berinjela média com casca, lavada
Sal a gosto
Cominho em pó (costumo comprar as sementes, torrar e triturar) a gosto
Pimenta-do-reino moída na hora (ou pimenta rosa) a gosto
Noz-moscada moída na hora
MOLHO DE TAHINE
2 colheres (café) de tahine
1/2 xícara (chá) de leite vegetal (de castanha ou amêndoa) sem açúcar (você pode fazer o seu em casa)
Sal a gosto
Sementes de cardamomo trituradas (pouco, não muito)
Pimenta-rosa moída na hora a gosto
Raspas de casca de limão orgânico (para finalizar)
CONFIT DE TOMATE-CEREJA
8 tomates-cereja
Azeite para regar os tomates
Sal a gosto e muitas ervas frescas (manjericão, alecrim, orégano, tomilho)
MODO DE FAZER
Espete a berinjela com um garfo grande e leve direto ao fogo (pode ser na chama do fogão), virando aos poucos. Quando toda a casca estiver queimada (dá um gostinho defumado) e a berinjela amolecida, retire do fogo. Espere esfriar, corte ao meio e reserve.
Para preparar o molho de tahine, bata todos os ingredientes (exceto as raspas de limão) num processador pequeno ou misture com a ajuda de um fouet. Como o tahine é forte, dissolvo com o leite vegetal (de castanha ou de amêndoa) e acrescento os tempero. Essa é uma base que pode ser usada em vários pratos.
Para o confit, corte os tomatinhos ao meio e espalhe bem em uma assadeira (evite que eles fiquem amontoados). Regue com o azeite e tempere com o sal e as ervas. Leve ao forno preaquecido entre 150 °C e 180 °C e deixe até os tomatinhos murcharem.
Monte a berinjela com o molho de tahine e o confit de tomate-cereja (ou outros vegetais assados). Finalize com as raspas de limão e, se gostar do prato mais apimentado, polvilhe um tantinho (bem pouco mesmo) de pimenta caiena.
Rendimento: 2 porções.
Tempo de preparo: 50 minutos.
O TAHINE E A AYURVEDA
O tahine é bastante usado na alimentação Ayurveda para diferentes funções. Capaz de estimular o fogo do metabolismo e da digestão, ele aquece de dentro para fora e, por isso, não pode faltar no cardápio principalmente nos dias frios (inverno) ou com excesso de vento (outono). Dá para sentir o calor descer pelo trato gastrointestinal e, depois, uma sensação de conforto no estômago. Costumo dizer que o tahine pode ser tão bom quanto uma bolsa de água quente para deixar o corpo quentinho. Mas quem tem predominância pitta, atenção: o tahine pode provocar aquecimento excessivo, especialmente no verão, acarretando hiperacidez ou sentimentos de raiva, frustração e impaciência.
RICO EM CÁLCIO
A quantidade impressionante de cálcio na composição, importante para a manutenção da saúde dos ossos, faz desse alimento uma ótima alternativa para quem não consome leite de vaca e derivados. Já sua gordura saudável, presente na semente de gergelim (a base do tahine), nutre e fortalece os tecidos nervoso e muscular. A pele ressecada, muito comum em Vata, também é beneficiada pela natureza untuosa desse alimento, capaz de combater o envelhecimento precoce e suavizar os nervos desgastados ou cansados. Nas fases de mais ansiedade, ainda traz a sensação de “aterramento” e estabilidade, além de induzir ao relaxamento e estimular o sono após um dia estressante.
COMO USAR
Uma pequena quantidade é suficiente para você obter sabor, aroma e todos os benefícios do tahine. Já o excesso pode sobrecarregar o paladar e pesar na digestão. Na hora da compra, observe as duas variedades: integral e descascado. O primeiro tem o gosto mais forte e retém mais nutrientes, mas a digestão pode ser mais difícil. O segundo é mais suave, adocicado e digestão mais fácil, porém, com a desvantagem de concentrar menos cálcio – mineral presente especialmente na casca do gergelim. Experimente e tente perceber qual deles, o integral ou o descascado, funciona melhor para você.