ESFOLIANTES CASEIROS: DICAS E CUIDADOS

COMO CONCILIAR SAÚDE COM PRESERVAÇÃO AMBIENTAL


Helen Almeida | Nov 27, 2018

É notável a disposição coletiva de repensar nossa forma de consumo enquanto sociedade. Atualmente, reflexões e discussões sobre o impacto das ações humanas no planeta, na vida dos animais e nas nossas próprias vidas são pauta em diversos meios. A partir desse olhar, muitas pessoas têm optado por adotar medidas individuais e coletivas que podem contribuir para uma sociedade sustentável. Entre outras mudanças, passam a consumir menos alimentos industrializados e substituir pelos naturais, além de evitar o uso de produtos que são grandes poluentes do meio ambiente.

A estética é uma das áreas onde esse movimento ganha força e as opções de produtos naturais e caseiros para tratamentos estéticos são bastante difundidas. É o caso, por exemplo, dos esfoliantes para a pele, muita gente tem preferido fórmulas caseiras aos produtos disponíveis no mercado. Isso porque, na composição de muitos esfoliantes, existem partículas de plástico que contribuem para a crescente poluição dos oceanos. Essas micropartículas são despejadas nos rios e mares, impactando ecossistemas marítimos. De acordo com o Fórum Econômico Mundial de Davos, de 2016, até o ano de 2050, o plástico superará o número de peixes. A preocupação com o uso desses produtos é justa e necessária.

Mas, como tão importante quanto cuidar do planeta é cuidar da saúde, conversamos com as especialistas Dra. Joana Darc Diniz, Diretora Cientifica da Sociedade Brasileira de Medicina Estética–RJ e Dra. Emily Alvernaz, especialista em Dermatologia e Medicina e Cirurgia Estética, para saber mais saber os prós e contras da utilização de métodos caseiros para a esfoliação da pele.

A esfoliação, de acordo com Dra. Joana Darc, tem o objetivo de remover as impurezas da pele, ativar a regeneração das células e evitar o surgimento de cravos e espinhas, além de facilitar a penetração de substâncias hidratantes. Mas, ela explica que alguns cuidados devem ser tomados, como a adequação dos produtos utilizados ao tipo de pele de cada um.

“Pode ser realizado em todo o corpo e rosto, de maneira regular. Mas a fórmula deve ser adequada para a pele e com movimentos circulares, sem força exagerada. Recomenda-se uma esfoliação semanal ou quinzenal, variando de acordo com o grau de oleosidade”

Ambas as especialistas têm restrições aos métodos caseiros. Para a Dra. Emily Alvernaz, apesar das vantagens que vão desde o baixo custo até o menor impacto ambiental, algumas pessoas podem desenvolver intolerância as misturas caseiras, “o uso deve ser evitado pois podem sensibilizar a pele devido ao tamanho não controlado das partículas”. Além disso, tais métodos podem não ser o ideal para todos os tipos de pele “O tamanho dos grânulos e o veículo não são controlados os efeitos esfoliativos podem não ser adequados ao tipo de pele, como, por exemplo, não serem tão ablativos em peles oleosas e acnéicas com comendões ou mais agressivas em peles secas e sensíveis”.  Dra. Joana acrescenta também a dificuldade que as técnicas caseiras têm quanto ao uso dá água “Outro ponto importante é que a quantidade de água no uso da receita caseira, além da umidade do ambiente, é determinante para se obter um efeito positivo, porque se não alcançar esse quadro ideal pode gerar resultados desfavoráveis e contrários ao esperado”.

Um fator que também deve ser levado em consideração na utilização de alternativas caseiras a produtos industrializados, é a eficácia. Para as dermatologistas, as receitas podem não proporcionar o efeito desejado “Não tem o mesmo efeito que os peelings físicos e químicos. Os físicos são feitos com aparelhos, como o peelings de cristal e o peeling de diamante, que amenizam a oleosidade, sendo uma forma de esfoliação da pele. Já os químicos são realizados com ácidos, em especial, à base de ácido salicílico, que controla bem a oleosidade e consegue restaurar a uniformidade da pele”, explica Dra. Joana.

Eles podem agredir a pele. As partículas podem ser irregulares e até machucar a cútis, principalmente, a pele fina e delicada do rosto. E quem tem pele sensível ou morena deve tomar ainda mais cuidados com os produtos errados. Especialmente nestes casos, a esfoliação inadequada pode até causar manchas. Tudo porque o processo deixa a pele mais sensível e exposta aos efeitos da radiação solar”

O processo de esfoliação exige cuidados, como explica Dra. Emily “Os cuidados básicos são sempre observar a procedência e estado de conservação dos produtos utilizados na mistura que devem ser preferencialmente novos ou recém-abertos e descartados após a aplicação. Também deve-se ter a preocupação com produtos e a formação de partículas e veículos que sejam adequados ao tipo de pele”. Dra. Joana Darc dá dicas importantes para não errar na esfoliação:

“Cada tipo de pele tem uma rotina a ser adotada. Quem tem a pele seca ou mista deve esfoliar apenas uma vez por semana, logo após a higienização do rosto. Já a pessoa que tem acne ou pele oleosa pode fazer esfoliação até duas vezes por semana, também após a higienização, para a retirada das células mortas e maior penetração dos ativos dos cremes que devem ser aplicados na sequência”.

Ela também explica a necessidade de seguir o intervalo indicado pelo dermatologista já que o excesso de esfoliação pode causar efeito rebote e alerta sobre os riscos de esfoliar a pele após a depilação “Com a pele sensibilizada, pode produzir pequenas lesões ou irritação da pele.  E nunca esquecer de usar um hidratante. A remoção das células mortas pode ressecar a pele. E após a esfoliação, nunca deixar de remover todo o esfoliante com água morna ou uma toalha levemente aquecida”.

É consenso entre as médicas, a necessidade de consultar um especialista antes de realizar qualquer procedimento de esfoliação, como afirma Dra. Emily “O recomendado é sempre consultar o dermatologista se a combinação pode ser utilizada por você, mas eles sempre cumprem alguma função na remoção das células mortas”. Dra. Joana também recomenda:

“Recomendo primeiramente uma avaliação com o médico especialista para saber se a utilização de tais produtos é indicada para a paciente. Vale o alerta que não se deve utilizar substâncias abrasivas, pois pode machucar e ser prejudicial à pele”

Se, por um lado, métodos caseiros não são recomendados, é possível cuidar da pele e ainda assim se atentar a poluição dos oceanos. Apesar de não haver no Brasil, segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nenhuma restrição ao uso de microsesferas de plástico, atualmente, já existem marcas que não utilizam esses microplasticos na composição dos seus esfoliantes, algumas delas são, inclusive, grandes empresas do seguimento da beleza.

Então, lendo as informações da composição do produto, é possível verificar se ele contém ou não esses ingredientes nocivos. Dessa forma, alia-se o cuidado com o meio ambiente ao cuidado com a saúde.

Fontes: 

A médica Joana Darc Diniz é Diretora Cientifica da Sociedade Brasileira de Medicina Estética–RJ e Diretora da Sociedade Brasileira do Cabelo–RJ. Coordena o Curso de Pós-Graduação em Medicina Estética da F.T.E. Souza Marques, onde atua como Coordenadora Médica do Ambulatório de Toxina Botulínica e Preenchimentos Temporários. É professora convidada do Mestrado em Medicina Estética da Universidade das Ilhas Baleares na Espanha. É membro da U.I.M.E. (Union Internationale de Médecine Esthétique) e integra o G.I.S.C. (Grupo Internacional para Estudo da Carboxiterapia). Em sua clínica desenvolve as principais técnicas para tratamentos faciais, corporais e capilar, oferecendo modernas técnicas em tratamentos estéticos com aparelhos de última geração. Congrega com equipe multidisciplinar nos segmentos de Medicina Ortomolecular, Nutrologia, Alimentação Funcional e Envelhecimento Saudável.

A Dra. Emily Alvernaz é médica com especialização em Dermatologia e Medicina e Cirurgia Estética.