Primeiramente é importante deixar claro que, pela legislação, apenas o couro legítimo – aquele que provém da pele de animal – pode receber a denominação de “couro”. Os outros materiais que recebem popularmente o nome de “couro”, ainda que venham acompanhados de adjetivos como sintéticos ou vegetais, não têm denominações reconhecidas do ponto de vista da lei.
Independentemente disso, você sabe o que diferencia o chamado “couro” sintético do legítimo?
Além da diferença básica de um ser extraído de um animal e o outro não, o couro legítimo – que na América Latina é majoritariamente processado a partir da pele de bois, entre outros animais em menor escala – passa por uma série de procedimentos químicos de curtimento que convencionalmente utilizam metais pesados para a estabilização do produto final.
Um desses metais – bem popular nos curtumes convencionais – é o cromo: um metal extremamente nocivo e altamente poluente. Isso porque, caso não haja um tratamento adequado aos resíduos tóxicos gerados por todo o processo e ocorra um despejo irregular, o cromo é capaz de causar um grande impacto ambiental.
Por outro lado, o tradicional material sintético que leva o nome de “couro” por sua semelhança com o legítimo – embora tenha menos durabilidade e seja sempre cobrado a preços mais baixos –, ainda que não cause os mesmos males ao meio ambiente que o couro original, tampouco é um exemplo de sustentabilidade.
Ele é usualmente fabricado com materiais que tem o petróleo como base, como o poliuretano (PU) ou o policloreto de vinila (PVC) – outro vilão do meio ambiente –, sendo eles os principais componentes de bolsas e jaquetas desse tipo de “couro” sintético. Produtos provenientes desse recurso não-renovável não são indicados para a saúde do meio ambiente.
No entanto, há outras variáveis para o chamado “couro”:
Além do que chamam de sintético, há também denominados no mercado o couro ecológico e o “couro” vegetal.
Há controvérsias na definição do couro ecológico, mas o produto normalmente é oriundo da própria pele animal – sendo um couro propriamente dito –, porém, obtido através de um processo de curtimento que utiliza, em vez do cromo, substâncias naturais e biodegradáveis – os chamados taninos vegetais. Embora a matéria-prima seja a mesma do couro legítimo, o impacto ambiental acaba sendo bem menor.
É possível, contudo, deparar-se com a definição de couro ecológico para o “couro” vegetal, que se difere em muito do couro ecológico definido anteriormente.
O que é erroneamente conhecido como “couro” vegetal na verdade nada mais é que um laminado de látex – borracha natural – extraído de seringueiras. Às vezes esse tecido vem acompanhado também do algodão, mas independentemente disso ele é reciclável e biodegradável, sendo o produto mais sustentável entre aqueles que se assemelham visualmente ao couro. Ponto para o látex!
A VegMag ainda indica que, além de obter conhecimento sobre a produção de cada tipo de tecido, fique atento às etiquetas: nelas normalmente devem ser encontradas os materiais utilizados para a confecção daquele produto, seja ele uma bolsa, um sapato ou uma jaqueta.