Unir as indústrias de moda e alimentos pode ser uma solução para amenizar o desgaste do solo e a poluição da água – problemas gerados pelas duas frentes de produção. Assim como os tecidos sintéticos (náilon e poliéster) liberam micropartículas de plástico que poluem rios e oceanos, os resíduos das colheitas, acumulados ou queimados, provocam poluição por metano e doenças nas plantações. Os modelos lineares de moda e agricultura também acarretam o desgaste do solo e poluem o ar. O resultado disso tudo: aquecimento global e drásticas mudanças climáticas.
Para falar sobre uma possível parceria entre as duas indústrias, o Brasil Eco Fashion Week 2020 convidou Ricardo Garay, da alemã Agraloop, especializada em sistemas circulares, e Rodrigo Cunha, da Rizoma Agro, empresa ligada à Fazenda da Toca. Eles participaram do painel Moda Regenerativa: Cooperação entre Indústrias da Moda e Alimentação, num bate-papo transmitido ao vivo e salvo no Youtube do evento, com acesso gratuito.
Agricultura regenerativa
“A agricultura está ligada aos principais desafios do mundo, como processo de erosão do solo e poluição das águas dos rios e oceanos. Mas a agricultura pode ser também a solução. A Rizoma usa o sistema de agrofloresta no cultivo de cítricos e grãos com o objetivo de aumentar a biodiversidade para a recuperação do solo e, com isso, garantir uma boa produção de alimentos, sem agrotóxicos, além de reequilibrar a fauna e a flora”, afirmou Rodrigo Cunha.
No bate-papo, Ricardo propôs à Rizoma um passo a mais: a parceria com empresas de tecnologia circular, como a Agraloop. “Fazemos a coleta dos resíduos normalmente descartados pelos agricultores, entre eles o cânhamo das sementes oleaginosas, fibras de trigo, arroz e milho, folhas de abacaxi e troncos de bananeira. Todo esse material é transformado em uma fibra natural, a BioFibra, usada na produção de fios e tecidos para a indústria da moda.”
Tecnologia circular
O sistema circular da Agraloop regenera também a água utilizada na fabricação dos fios. “A água é tratada e, então, reutiliza na agricultura.” O uso de uma energia limpa e renovável é outra preocupação da empresa para reduzir o impacto provocado pelas indústrias da moda e do alimento. “O próprio consumidor tem exigido produtos com cadeia produtiva com impacto positivo”, comentou Ricardo.
O painel “Moda Regenerativa: Cooperação entre Indústrias da Moda e Alimentação” marcou o lançamento da quarta edição do Brasil Eco Fashion Week, este ano com o tema: Conectar para Regenerar: Moda e Planeta. A programação é gratuita e consiste em 33 painéis de conversa, 13 workshops e 18 desfiles, com transmissão online de 18 a 28 de novembro, no site brasilecofashion.com.br/week. Inclui o lançamento de uma plataforma para a exibição de marcas e produtos do Mercado Eco.
