Sempre que pensamos em crueldade animal na moda, as primeiras coisas que vem à cabeça são o couro e as peles. Mas você sabe como é fabricada a seda? Ao adquirir as peças de seda, não imaginamos o que está por trás de tão agradável conforto.

O processo de fabricação do tecido se dá em torno do Bombyx Mori, conhecido como bicho-da-seda, que é a lagarta da mariposa. Uma fêmea pode botar até 500 ovos e ao nascer, as lagartas são alimentadas de folhas de amoreira durante aproximadamente 40 dias, até que estejam prontas para fazer o casulo. Nesse momento, uma estrutura produzida em papelão com divisórias quadradas são aproximadas das larvas para que elas escalem, se posicionem cada uma em um quadrado e ali possam tecer seus casulos.

As duas principais proteínas presentes na seda, a fibroína e a sericina são obtidas a partir de um fluido fibroso produzidos pelas glândulas salivares dos bichos. Essa substância forma o fio com o qual a larva tece o casulo. Esse processo demora de três a oito dias e um único fio pode ter até 1,3 km de extensão. Depois de formados os casulos, eles são retirados da estrutura e preparados para a próxima fase.

Ao chegar às fábricas, de acordo com documento disponibilizado pelo Ministério da Agricultura sobre o procedimento de produção da seda, os casulos são cozidos em água quente e sob pressão com o objetivo de amolecer a goma de sericina facilitando assim o processo de desenrolar das fibras. 

Leva em média 20 minutos para que o cozimento dos casulos seja concluído. Durante esse processo, as larvas vão ficando desidratadas até morrerem, e isso ocorre antes que seu desenvolvimento seja suficiente para danificar os fios de seda. 

Então, os casulos são transferidos para máquinas fiandeiras, lá são desfeitos e transformados em fios. Por fim, são colocados em carretéis e estão prontos para a confecção.

Para se ter noção da quantidade de bichos-da-seda abatidos durante esse procedimento, para a produção de 1 kg de seda, 3 mil larvas e aproximadamente 104 kg de folhas de amoreira são utilizados. Quanto às larvas que são mortas sob a alta temperatura no processo de cozimento, posteriormente, elas passam por um novo sistema e são transformadas em ração para peixes.

É importante salientar que o Brasil é o quinto maior produtor de casulos de bicho-da-seda no mundo, de acordo com dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), do IBGE, que mostraram que, em 2016, o Brasil produziu 2,8 mil toneladas de casulos de bicho-da-seda, ficando atrás apenas da China, Índia e Uzbequistão e Tailândia. 

Apesar dessa grande quantidade de criação de bichos-da-seda, ele já não pode mais ser encontrado em seu estado nativo na natureza. Ou seja, atualmente sua existência se dá apenas para a produção industrial.

Existem, por outro lado, alternativas à seda convencional, como a seda artificial, chamada de raiom, que é sintética e obtida a partir da celulose, ou pela seda vegetal, feita a partir do bambu. Ou seja, fazer escolhas mais conscientes para se vestir bem está em nossas mãos. Basta querer.