Monótona ou variada: como é sua alimentação? Diante da diversidade de plantas comestíveis no planeta, todos nós temos uma alimentação bem pouco variada. A estimativa é de mais de 15 mil espécies, cultivadas e não cultivadas. “As cultivadas são as mais monótonas (contabilizam cerca de 200 espécies) e têm um impacto negativo no planeta, pois as monoculturas tendem a ser mais lesivas”, comentou o endocrinologista Bruno Halpern na sua página do Facebook. Além disso, 60% do consumo calórico da população mundial se restringe a três tipos de grão: arroz, trigo e milho, segundo artigo científico publicado na revista Lancet*, no ano passado.
Um bom caminho para variarmos os alimentos que consumimos no dia a dia, é a valorização da agrobiodiversidade – trata-se do conjunto de espécies da biodiversidade utilizadas pelas comunidades locais e pelos agricultores familiares. Os pontos positivos, segundo Halpern, vão além de sabor e colorido extras no prato – passam pela melhoria da nossa saúde e a preservação do meio ambiente.
1. Se você tem alguma condição de saúde, que implica na necessidade de perda de peso ou mudança na alimentação, pode ampliar o leque de opções – uma estratégia muito mais efetiva e saborosa do que restringir alimentos. Por isso a importância de incentivarmos o consumo de verduras e legumes não sob a ótica “é ruim, mas faz bem”, o que não é verdade, mas sob a ótica “vamos descobrir como plantas podem ser saborosas e surpreendentes”. Com tantas opções existentes, não há dúvida que a quantidade de sabores também é enorme.
2. Quando alguém diz não gostar de legumes ou verduras, costumo lembrar dessa enorme variedade de vegetais e estimular a ampliação das opções no cardápio diário.
3. O maior consumo de vegetais naturais está associado com melhores marcadores de saúde, além de ser bom para o planeta.
4. Valorizar positivamente o consumo desses alimentos, falar que algo é bom e deve ser consumido, tem mais impacto do que propagar que determinado alimento é veneno e não deve nunca ser comido. Procurar demais os vilões e esquecer dos mocinhos vem sendo nosso erro. Não existe nenhum estudo mostrando que comer frutas, legumes e verduras faz mal. A grande desafio é equalizar a questão dos agrotóxicos, orgânicos e desperdício, além é claro, dos custos.
5. Tenhamos nosso paladar alerta. Assim, podemos ter saúde e mais (não menos) prazer à mesa.
Fonte: Willett. Food in the Anthropocene: the EAT–Lancet Commission. Lancet 2019