Uma corrente que incentiva espalhar sementes de árvores frutíferas em parques urbanos e campos na beira das estradas viralizou nas redes sociais. A ideia foi inspirada na notícia de que, após o governo tailandês incentivar a população daquele país a fazer o mesmo, as florestas se multiplicaram. Porém, nem todo tipo de árvore pode ser cultivada aleatoriamente. Em nota, o Instituto Hórus informou que a prática de disseminar espécies exóticas invasoras é considerada crime, de acordo com a Lei Federal de Crimes Ambientais.
Espécies erradas plantadas em locais errados são mesmo um problema. Segunda maior causa de extinção de biodiversidade no planeta, a invasão de árvores exóticas perde apenas para a destruição de habitats naturais, segundo informações publicadas no site do instituto. As tradicionais palmeiras australianas, por exemplo, plantadas no Parque Trianon, na avenida Paulista, foram retiradas pela prefeitura no ano passado. As espécies importadas estavam ameaçando o desenvolvimento da vegetação natural e destruindo o ecossistema do parque, além de provocar prejuízos para o entorno. “As árvores não crescem só de tamanho. Os troncos espessos estavam destruindo as calçadas, o asfalto e causando problemas nas redes elétricas”, explica Alessandro.
Plante no lugar certo
A prefeitura de cada cidade tem um planejamento de arborização urbana especificando quais são as espécies (árvores, flores, arbustos) ideais para a região. Por isso, é importante que população procure orientação nos viveiros municipais. Apenas em São Paulo são três: Manequinho Lopes (Parque Ibirapuera), Arthur Etzel (Parque do Carmo) e Harry Blossfeld (Parque Cemucam, em Cotia). Em qualquer um deles, os moradores podem pegar até cinco mudas nativas que podem ser plantadas em praças, parques, escolas e canteiros centrais. A prefeitura também orienta colocar as mudas em áreas urbanas degradadas, margens de rios que estão sem vegetação e encostas de morro para que as árvores possam ajudar a amenizar o impacto da terra no caso de deslizamentos.
Quais espécies plantar (ou não plantar)
“Nas décadas de 20 e 30, foram trazidas árvores exóticas de outros países que, hoje, não suportam mais as mudanças de clima e o desenvolvimento da cidade.” O ficus, originário da Índia, não deveria ser plantado próximo a muros e nas calçadas. A raiz longa perfura canos, invade bueiros e esgotos e arrebenta o concreto e o asfalto. Os galhos acarretam problemas na rede elétrica e oferecem o perigo de cair sobre carros e pedestres.
Até mesmo nas áreas de floresta é preciso selecionar as espécies vegetais de acordo com o tipo de bioma. Nas áreas de Mata Atlântica e do Cerrado, predominantes no estado de São Paulo, crescem tipos de árvores diferentes. Por isso, o ideal seria que as pessoas pesquisassem um pouco sobre as espécies adequadas de cada local ou procurassem a orientação de um agrônomo, biólogo ou paisagista antes de espalhar sementes. Feito isso, a atitude é muito bem-vinda. “Qualquer pessoa pode ajudar aumentar o verde na cidade e, com isso, melhorar o meio ambiente." Afinal, quanto mais verde melhor.