Degradação ambiental, exploração da vida selvagem e extração de recursos naturais estão entre os fatores apontados como responsáveis pela pandemia causada pelo novo coronavírus, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Se nada for feito para mudar esse cenário de desequilíbrio e destruição da natureza, daqui para frente, estaremos cada vez mais sujeitos a surtos de doenças, como a COVID-19, decorrentes do contato humano com animais selvagens, alerta o atual relatório do PNUMA e do Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária (ILRI), divulgado dois meses após a elaboração do documento “Trabalhando com o Meio Ambiente para Proteger as Pessoas”.
O que aumenta o desequilíbrio
Intitulado “Prevenir a Próxima Pandemia: Doenças Zoonóticas e Como Quebrar a Cadeia de Transmissão”, o relatório aponta sete tendências que intensificam o surgimento de futuras pandemias:
1.Aumento do consumo de carne
2.Expansões agrícolas irregulares
3.Exploração da vida selvagem
4.Utilização insustentável de recursos naturais intensificados pela urbanização, uso do solo e indústrias extrativas
5.Aumento de viagens e transportes
6.Mudança na oferta de alimentos
7.Mudanças Climáticas
Falta respeito à natureza
O crescimento da população mundial é o principal responsável para que as áreas marginais sejam cada vez mais exploradas, intensificando as pegadas ecológicas no planeta – entre elas, o uso demasiado dos recursos naturais finitos. A diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, afirma: se o ser humano continuar especulando a natureza, sem respeito à vida selvagem e às populações vulneráveis, as pandemias ficarão cada vez mais frequentes.
Ações mundiais para conter as pandemias
O relatório do PNUMA traz dez ações práticas para serem adotadas mundialmente na prevenção de novas pandemias. A lista inclui o investimento em abordagens interdisciplinares, como a One Health, que une diretrizes em saúde pública, veterinária e ambiental; pesquisas zoonóticas e monitoramento de sistemas alimentares associados às doenças zoonóticas. O objetivo é mostrar que, se os países não adotarem medidas drásticas e urgentes para conter a disseminação de zoonoses, pandemias como a que estamos vivendo agora serão cada vez mais comuns. A ONU, junto a outras organizações, une esforços para que o alerta chegue aos governantes de cada país e a população local de forma clara e assertiva, além de oferecer o apoio necessário à preservação ambiental, social, animal, econômica e de futuras gerações.