Quem mora em cidades como São Paulo e Rio, e se preocupa com a preservação das abelhas, tem um bom motivo, além de alegrar a casa, para plantar flores no jardim ou na varanda do apartamento. A visita das abelhas e insetos polinizadores é maior nas flores localizadas nas grandes metrópoles do que nas flores cultivadas nas regiões rurais, segundo uma pesquisa alemã. Os pesquisadores também constataram que as abelhas são as principais responsáveis pela polinização. A cada quatro insetos, três são abelhas.
Flores consideradas apícolas e fáceis de cultivar em pequenos espaços: agapanto, dama da noite, lágrima-de-cristo, brinco de princesa, hibisco e gerânio.
As abelhas também adoram as florzinhas das ervas – o manjericão, por exemplo, se desenvolve muito bem em vasos e jardineiras ensolaradas. “Plantar flores que oferecem néctar e pólen, realmente ajuda na preservação das populações de abelha dentro das cidades", diz o pesquisador da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) e membro do Comitê Científico da Associação ABELHA, Cristiano Menezes. Mas ele frisa que, sozinha, a atitude não resolve o problema das espécies em risco de extinção e que, geralmente, não se adaptam aos centros urbanos.
O que podemos fazer para tentar salvar as abelhas que preferem o campo? Priorizar os alimentos orgânicos ou que tenham sido produzidos a partir de uma agricultura amigável ao meio ambiente. Alguns produtos já permitem esse tipo de rastreabilidade – é só iniciar o aplicativo do QR Code e apontar a câmera do celular para a barrinha impressa na embalagem para que o conteúdo adicional seja exibido no navegador da internet. Ainda recente no Brasil, o uso do QR Code pode ajudar também na preservação de algumas culturas, já que, entre 5% e 8% de toda produção agrícola mundial dependem da polinização das abelhas. Cultivos como maracujá, melão e maçã, por exemplo, não existiriam sem os insetos polinizadores e outros 75% dos plantios passariam a produzir menos.
Os agrotóxicos não são os únicos vilões. O desmatamento é outra grande ameaça para as abelhas.
Entre agosto de 2108 e julho de 2019, o Brasil perdeu cerca de quatro milhões de colmeias de abelhas nativas por causa da devastação de florestas. "Se as áreas desmatadas não forem recuperadas e preservadas aquelas que ainda têm mata nativa, muitas espécies de abelha continuarão em risco de extinção e muitas serão perdidas, alerta Cristiano.
Hoje, o Brasil tem cinco espécies na lista vermelha do IBAMA por causa da destruição dos seus habitat. Plantar flores na varanda, talvez seja muito pouco para mudar esse cenário. Mas é um começo, e você pode dar início ao cultivo ainda hoje.