Em tempos de poucas escolhas, onde somos obrigados a nos afastar fisicamente de quem mais gostamos por uma questão de segurança, surge uma oportunidade: aprendermos a gostar mais de nós mesmos e da nossa própria companhia. Parece estranho pensar nisso, mas é verdade. Quando estamos rodeados de pessoas e compromissos sociais, o tempo passa, a conversa (fiada ou não) flui e a gente não precisa dialogar com esse ser que muita gente mal conhece: o eu.

Então, vejamos esse momento como um aprendizado. Que tal aprender a gostar de estar só e ter prazer com a convivência de você com você mesmo? Claro que a ideia não é se tornar um antissocial, que depois da crise você passe a ser um indivíduo isolado da sociedade. Mas que tal encontrar um equilíbrio saudável que depois possa ser aplicado ao longo de sua vida?

Baseado em nossas práticas, como você pode fazer isso. Aqui vão algumas dicas:

_Não tente preencher todo o seu tempo vazio com telefonemas ou happy hours online. Aproveite para ficar com você, pensar nos seus planos e projetos. Em coisas que você gostaria de fazer, nas pessoas que sente saudade e no que mais vier à sua mente.

_Não precisa ouvir música o tempo todo. A música, ao mesmo tempo que distrai e anima, também tira o foco. Fique um tempo em silêncio mesmo. Aproveite para ouvir os sons da sua casa, da vizinhança e deixe a cabeça vazia de qualquer informação para ver o que aparece. Muitas conversas entre você e você mesmo irão surgir. Algumas boas, outras não, como em qualquer relacionamento.

_Não precisa emendar uma série da Netflix da outra. Já pensou em algo novo que você que aprender? Escolha um tema, compre livros pelo kindle (a Amazon também entrega rapidinho) e estude. As séries são um entretenimento, nada contra isso, mas são também anestésicas. Quando paramos para pensar, às vezes já estamos ali há horas. Na maioria das vezes assistindo coisas que não nos acrescentam absolutamente nada.

_Faça coisas manuais. Desde lavar a louça até plantar uma erva no jardim ou costurar uma meia, cada tarefa manual nos desocupa a mente e permite que a gente mantenha diálogos internos.

_Se olhe no espelho. Veja quanta coisa bonita tem em você. Não apenas fisicamente. Olho no olho mesmo. Esse é o exercício mais difícil de todos. Pensa na pessoa bonita que você é. Para quantas pessoas você faz a diferença, tudo que já fez na vida, os desafios que já superou e os que está superando agora. Pode chorar, sim, a gente se emociona mesmo quando começa a se gostar de verdade. 

Essa é a grande mágica. Quando paramos de ouvir os agentes externos para ouvir o nosso próprio eu, interagir com ele e cultivar um relacionamento a longo prazo com nosso melhor amigo que somos nós mesmos, a nossa vida fica mais completa e prazerosa. Passamos a depender menos dos outros, aprendemos a lidar melhor com as frustrações dos relacionamentos e começamos a nos divertir mais quando estamos sozinhos. Pense nisso. E aproveite esse tempo mais flexível para desenvolver esse novo relacionamento.