MINDFULNESS

TREINAR O OLHAR APRECIATIVO ACALMA E TRAZ BEM-ESTAR

O EXERCÍCIO FAZ PARTE DO PROJETO AS FLORES NO CAMINHO


Eliane Contreras | Sep 19, 2019

Entre agosto e setembro, os ipês florescem em seus diferentes tons e, logo mais, com a chegada da primavera, serão muito mais flores colorindo a paisagem. Mas, independentemente da estação do ano, sempre é possível observarmos flores no caminho, mesmo dentro das grandes cidades. “Quem desenvolve um olhar mais atento, descobre a beleza de uma flor que brotou num canteiro ou numa fresta no concreto ou no asfalto”, afirma a cardiologista Floriana Bertini, criadora do projeto #asfloresnocaminho – uma experiência de mindfulness, que faz com que o dia pareça mais leve e menos estressante.

Tudo começou quando a médica, que tem flor no nome, se propôs o desafio de encontrar uma flor no caminho, todos os dias, durante um ano, com a condição de não comprometer sua rotina e de usar o celular para fotografar. “Dia após dia, fui percebendo que havia, sim, flores no caminho para serem encontradas, desde que minha atitude mental se dispusesse sistematicamente a procurá-las. E a satisfação de estar inteiramente presente no momento do registro acalmava a minha mente e gerava uma sensação de bem-estar”. Floriana então descobriu que, aquele ato simples de consciência, que exigia apenas uma pequena pausa para o registro de uma flor, no meio do caos frenético, poderia ser considerado um exercício de mindfulness. Então surgiu a ideia de criar o projeto para que pudesse compartilhar sua experiência nas redes sociais e, principalmente, em workshops.

A dinâmica das vivências consiste em "provocações" com o objetivo de estimular a percepção multissensorial do olhar apreciativo. “Sentamos em roda para que todos tenham a possibilidade de se olhar, se perceber: a si próprios e uns com os outros”. Também são propostos exercícios respiratórios básicos para ancorar a consciência e um treino de sustentação do olhar, apenas olhando uns para os outros por alguns segundos, em silêncio. Logo após, são compartilhadas as experiências. Dependendo do formato do workshop, em um dia ou em vários, Floriana propõe, nos intervalos, que os participantes fotografem não apenas flores, mas detalhes que sejam motivo de satisfação para cada um. Planta, bicho, pôr-do-sol, nuvens, flores, cadeiras, portas ou janelas. “Pouco importa a qualidade da imagem nem a escolha do objeto, mas a felicidade por encontrá-lo, registrá-lo e compartilhá-lo”. São experiências, segundo a médica, que geram pulsos de gratidão pela vida que são comprovadamente favoráveis à saúde como um todo.

Floriana acrescenta mais: “Esse treino do ‘olhar’ contribui para o despertar de uma nova forma de percepção da realidade, onde pequenas (e/ou grandes) coisas boas, despretensiosas e disponíveis, como as flores, podem trazer mensagens de esperança e alívio para o estresse e as dificuldades da vida”. Mas, e se algum dia, efetivamente, não houver ‘flores’ no caminho? “Que não nos falte entusiasmo para semeá-las, nem paciência para cuidar delas e admirar o seu desenvolvimento, dia após dia”.