POUSADA COM BOSSA E CARA DE CASA EM PARATY

Nosso parceiro, o chef Renato Caleffi, abre as portas do seu pequeno paraíso.


Gabriela Hunnicutt | Dec 07, 2021

Para quem conhece Paraty, a cidade dispensa apresentações. Para que ainda não esteve lá, vale a pena conhecer um pouco de sua história. Fundada em 1667, em torno da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, padroeira da cidade, tornou-se importante pelos engenhos de cana-de-açúcar. E hoje, entre muitos outros atributos, é um sinônimo de bons aguardentes. Um dos alambiques ícones de Paraty, inclusive, é curiosamente tocado por uma mulher, a única a desbravar esse setor na região. Falaremos disso mais a frente.

Com a abertura da estrada Paraty-Cunha que, aliás, vale o passeio, e da Rodovia Rio Santos nos anos 70, Paraty ganhou fama no turismo internacional por preservar sua herança colonial intacta. Além, claro, de suas belezas naturais como o Saco do Mamanguá, considerado o único fiorde (tropical) brasileiro. Para explicar melhor, um fiorde é um ‘braço’ de mar cercado por altas montanhas rochosas. São comuns em países nórdicos como Dinamarca e Noruega e, no Brasil, temos esse raro exemplar premiado por nossa vegetação ímpar. Um passeio por lá é obrigatório para quem visita a região.

Mas não é só isso. Além de ser considerada Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, pela Unesco, em 2017 a bela cidade conquistou também o título de Cidade Criativa Gastronômica. Com uma tradição culinária que mistura as influências indígenas, africanas e portuguesas, antigas receitas estão sendo trazidas de volta aos cardápios locais, muitas delas com o respeitável toque dos chefs da região. Receitas novas e espetaculares, de origens não nativas, como a culinária thai e a italiana, também conquistam seu espaço com louvor. E não é à toa que o nosso querido chef parceiro, Renato Caleffi, resolveu procurar ali um lugar para chamar de seu.

O resultado? Uma pousada cheia de charme que conquistou nosso coração. Com um olhar cuidadoso e amoroso, Caleffi encontrou um pequeno paraíso bem no meio do Centro Histórico – coisa difícil de se achar. A pousada, muito charmosa, reúne 6 quartos ao redor de um pequeno pátio repleto de PANCs (sigla para plantas comestíveis não convencionais) e flores comestíveis. Todos eles decorados com o mood local e vários detalhes que fazem com que o hóspede se sinta em casa. No final das contas, essa é a ideia: que a gente se sinta em casa no centro histórico de Paraty. Privilégio? Com certeza.

O café da manhã é um carinho a parte. Preparado e servido pelo próprio chef quando ele está por lá, todos os ingredientes são escolhidos a dedo, levando em conta o respeito ao produtor. Entre as delícias estão suco verde, café especial humanizado, pães frescos do dia, bolo, geleias, salada de frutas, granola, iogurte de coco e o imperdível ovo mexido do chef - molhadinho e com um tempero todo especial. Outras delícias também são preparadas na hora.

A gente foi conhecer e recomenda muito. Quando fomos, há algumas semanas, ainda não havia sido inaugurado o bar que dá para a rua, mas o plano é que já esteja operando esse mês (vale consultar antes de ir). Além de vinhos orgânicos, entre outros drinks, ele vai nos presentar com alguns dos seus pratos icônicos do Le Manjue, como a jambalaia. Então, até mesmo para quem não estiver hospedado na Casas do Pátio, vale a visita no bar da pousada.

Ficou com vontade de fazer sua reserva? Faça já. Você vai receber (e achamos isso o máximo) uma série de dicas de onde comer e beber com a impressão e dicas quentes do Caleffi de cada um deles. Inclusive, enquanto estávamos em Paraty, fomos encontrando nosso amigo em vários restaurantes – o que nos deu a sensação gostosa de que ele indica realmente os lugares que gosta e frequenta. Mais um ponto para as Casas do Pátio.

E agora aqui vão algumas dicas adicionais da nossa redação.

1. Passeio de barco pelo Saco do Mamanguá

Se estiver de carro, coloque no waze Paraty-Mirim (uns 20 minutos de Paraty de carro). Lá você encontrará uma série de barqueiros para fazer o passeio. Custa uns 250 reais para dar a volta no fiorde. Peça para te deixar no Bar do Bru na volta (vizinho de Paraty Mirim) para provar o melhor camarão de praia do mundo. Fiquei até emocionada. Mas veja, como é pequeno e com coisas frescas, nem todo dia tem camarão. No dia que você for, pode ser que tenha só lula, e essa é a graça da coisa; a surpresa. É um lugar roots mas para quem gosta de experiências com alma (como a pessoa que vos escreve), ali é o lugar. Dependendo da maré (a prainha do bar é separada da praia principal por um rio), você volta para Paraty-Mirim a pé, dependendo tem que combinar para o barqueiro ir te buscar.

2. Passeio no Alambique Maria Izabel

Não sabemos se estará aberto para o público em 2022, mas tivemos o privilégio de ir e conhecer de perto a única produtora (mulher) de cachaça da região. A produção é pequena e artesanal, o que confere um ‘sabor’ ainda mais especial às suas produções impecáveis – para quem não conhece, a cachaça Maria Izabel tornou-se um clássico e é bastante admirada pelos conhecedores do assunto.

3. Ilha do Peladinho (Vizinha da Ilha do Pelado)

Se você quer curtir uma praia deserta ou quase deserta – coisa que, geralmente, só quem está de barco em Paraty consegue, essa é a dica. Vizinha da Ilha do Pelado, que conta com um serviço completo de barracas mas fica lotada no fim de semana, Peladinho requer uma preparação prévia. Como não tem serviço de praia por lá, você precisa levar seu próprio cooler com comes e bebes além do guarda-sol. Os barquinhos saem da Praia de São Gonçalo (a 30km de Paraty), levam você até lá e voltam para buscar no horário combinado. (a travessia custa 50,00 ida e volta)