Movimentar o corpo é essencial para a saúde física, mental e emocional e, por isso, todos nós precisamos fazer exercício regularmente. Quem ainda vive no sedentarismo e é ansiosa(o) deveria considerar duplamente a ideia de praticar uma atividade física – corrida ou exercício de força, de preferência. São modalidades que, segundo um estudo recente da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, amenizam a ansiedade. Até mesmo quando o distúrbio é crônico, a pessoa percebe uma redução nos sintomas.
Quanto mais intenso o treino, mais suave a angústia e inquietação
Durante 12 semanas (tempo de duração do estudo), 286 participantes, com idade média de 39 anos e há mais de dez anos com diagnóstico de ansiedade crônica, com e sem tratamento contínuo com medicamentos (antidepressivos e ansiolíticos), foram divididos em três grupos – dois submetidos a sessões de exercício cardiorrespiratório (corrida) e de resistência (exercício com peso), de baixa e alta intensidade. O terceiro permaneceu como grupo controle, com tratamento padrão (terapia + medicamentos), sem exercícios.
Os cientistas investigaram possíveis conexões entre a liberação de endorfina e as reações de euforia e bem-estar; e todos os participantes, tanto do grupo 1 quanto do 2, apresentaram melhora nos sintomas depressivos: 3,6% maior na execução dos exercícios em intensidade relativamente baixa; e 4,88% em alta intensidade, em comparação ao grupo controle.
Se não corrida, vale outra atividade física
A corrida é o exercício oficial da publicitária Ana Luiza Castro Ramos (foto abaixo), de Leme (SP), contra a ansiedade. “Também faço pilates e musculação, modalidades que ajudam na estética e saúde do meu corpo, mas sinto que correr é essencial para me deixar menos ansiosa”, conta Ana Luiza. “Meus pés aceleram, minha cabeça desacelera e meus pensamentos se organizam. Ainda tem a vantagem de o tempo da corrida ser um tempo só meu”.
Será que só os exercícios de alta intensidade, como corrida e musculação (ou crossfit), oferecem resultados positivos? Mestre em Ciências da Saúde, a médica nutróloga Marcella Garcez, de Curitiba, explica que qualquer atividade física, mesmo moderada, desde que frequente e prazerosa, ajuda a amenizar os sintomas da ansiedade e até mesmo da depressão. A professora de pole dance Jacqueline Fioramonte (foto a seguir), também de Leme (SP), é prova de que prazer conta muito. “Comecei a fazer musculação, mas não me agradava. Só senti mudanças físicas e psicológicas quando descobri o pole”, diz Jacqueline.
Na época em que começou a praticar a modalidade que une dança e exercícios de fortalecimento, Jacqueline resolveu mudar até mesmo de profissão. “Troquei o curso que estava fazendo na faculdade para educação física e o esporte tomou conta da minha vida. Sou instrutora de pole dance há cinco anos e percebo que as alunas também aproveitam a aula para transformar o estresse e a ansiedade em dança, dissolvendo os sentimentos ruins”.
Descubra o seu exercício e comece a praticar aos poucos
É isso: descubra uma atividade prazerosa e vai! Para quem está parado há muito tempo, a recomendação é começar aos poucos. Podem ser caminhadas de 30 a 40 minutos, três vezes por semana, aumentando o tempo e a intensidade à medida que o treino vai ficando mais fácil. Os efeitos positivos do exercício aparecem na mesma proporção, no corpo, na mente e nas emoções.
Mas isso não é tudo. No caso de ansiedade crônica, segundo a dra. Marcella, a atividade física deve ser usada como complemento do tratamento padrão: terapia cognitivo-comportamental (TCC) combinada a fármacos específicos. “Agora, com a avaliação do estudo sueco, sabemos que a prática regular de exercício pode potencializar os resultados do tratamento”, explica a médica. E ainda traz vários outros benefícios!