Quem nunca se pegou no hortifrúti do supermercado sem saber que alface levar para casa: a tradicional ou a hidropônica? Mais recentemente surgiu também a opção de verdura aquapônica. Aqua o quê? Pois é, os alimentos cultivados de maneira alternativa aos convencionais têm ganhado espaço e o consumidor deve estar bem informado para fazer a melhor escolha. Saiba então as principais diferenças entre esses dois cultivos que substituem o solo pela água e, o mais importante, a relação com a qualidade do seu alimento.
VERDURA HIDROPÔNICA
Como o nome já diz, a verdura hidropônica (do grego hydro = água e ponos = trabalho) é cultivada na água, em substituição ao solo, com ou sem substrato (suporte onde as plantas fixam suas raízes) e soluções nutritivas que chegam até as raízes por meio de um filme de água. Existem vários sistemas de cultivo hidropônico, sendo que o Nutrient Film Technique (NFT) é o mais comum no Brasil.
De acordo com o diretor da empresa Hidrogood, Carlos Orlandi, em entrevista ao Canal Rural, o método é capaz de aumentar a produtividade em até 50% quando comparada ao cultivo tradicional. Além disso, as verduras crescem mais rapidamente. Também para o Canal Rural, o proprietário da Hidropônicos Calderaro, Luiz Fernando Calderaro, afirmou que a vantagem da hidroponia é um menor uso de agrotóxicos.
Pesquisador do Instituto Agronômico (IAC) da secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Luís Felipe Villani Purquerio, tranquiliza o consumidor. “As plantas hidropônicas têm a mesma qualidade que as convencionais, mas o cultivo deve ser realizado da maneira correta (sem o excesso de substâncias químicas). Erros na nutrição podem prejudicar as plantas”. Mas nem todos os especialistas ouvidos para esta matéria compartilham da mesma opinião. “O cultivo hidropônico é totalmente artificial. São colocados produtos para garantir uma produção rápida, grande e o ano inteiro. Por isso ela tem uma calibração exagerada de produtos na água”, rebate o representante da Cooperativa dos Produtores Orgânicos da Agricultura Familiar de Campo Grande (Organocoop), Vanderlei Fernandes.
VERDURA AQUAPÔNICA
A técnica integra a aquicultura (criação de peixes e outros organismos aquáticos) com a produção vegetal. Com isso é possível que sejam aproveitados os recursos naturais da água, das plantas e dos peixes (atenção veganos). Funciona assim: as plantas boiam sobre piscinas e as raízes ficam dentro d’água. O equilíbrio entre a quantidade de peixes, a ração e as plantas é o que garante o funcionamento da técnica. Entre os principais benefícios do cultivo a partir da aquaponia está o menor consumo de água em relação ao plantio tradicional, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Além disso, até 98% da água presente no sistema pode ser reaproveitada continuamente. Ou seja, é mais sustentável que a hidropônica.
Apesar de ainda não ser reconhecido pelo Ministério da Agricultura como um modo de produção orgânico, a aquaponia se aproxima do cultivo sem agrotóxicos. “Dá coragem da gente comer porque não tem tanta química”, diz Vanderlei.
Mas não é necessariamente um cultivo livre de defensivos. Vale o mesmo para as verduras hidropônicas. “O combate das pragas e doenças é feito da mesma forma que no cultivo convencional. Mas como a estrutura de produção acontece em estufas agrícolas, o ambiente de cultivo reduz a necessidade de defensivos”, explica o pesquisador Luís Felipe. Conclusão: a probabilidade de um menor (ou nenhum) uso de agrotóxicos nas verduras aquapônicas é maior que nas hidropônicas. E nenhuma dos dois sistemas seguem a legislação de cultivo orgânico emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento (MAPA).