Enquanto carnes brancas e vermelhas vão perdendo o posto de fontes de proteína insubstituíveis nos pratos de muitos brasileiros – já são mais de 15 milhões de vegetarianos no país, em dado da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) –, outros ingredientes e novos itens ganham espaço nas geladeiras e despensas. Mas não quer dizer que sejam todos para consumo humano: nossos pets também estão recebendo a chance de serem mais saudáveis e sustentáveis.

A SVB ainda não tem números levantados sobre o mercado vegetariano e vegano para pets no Brasil, mas a lacuna de produtos que não contém proteína animal vem sendo preenchida aos poucos. E-commerces como PetVeg e VegPet são um exemplo disso: com foco em produtos que vão dos naturais aos veganos, ambos oferecem variadas alternativas aos alimentos industrializados tradicionais e facilitam a vida daqueles que buscam rações e petiscos totalmente vegetais.

Rações veggies

A opção Veggie da linha All Love da marca Dr. Stanley é uma das apostas para cães adultos e vegetarianos. Além da certificação orgânica, a ração vegetariana tem grão de bico, quinoa e cenoura entre seus ingredientes principais. De acordo com Rodrigo Bazolli, veterinário que atua na área de nutrição há mais de 20 anos e fundador da Dr. Stanley, a ração só não é vegana por conta da vitamina D3, que é sintetizada a partir de um produto de origem animal.

 O mesmo acontece com a ração Fri Dog Vegetariana, feita a base de vegetais: a vitamina D3 de sua composição também é de origem animal – provêm, mais especificamente, da lã da ovelha. Para uma escolha totalmente vegana, chegou recentemente ao mercado a Bicho Green, com ingredientes como arroz e beterraba. Na receita entram aminoácidos sintetizados para uma nutrição completa e totalmente vegana – e a iniciativa coloca também os gatos no mapa. 

Os felinos têm necessidades nutricionais bem diferentes dos cães, e isso inclui aminoácidos como a Taurina, que costuma ser encontrada em tecidos de origem animal. Porém, com a iniciativa da Bicho Green, marca idealizada por Victor Ramos e Thaís Lage, o problema foi resolvido sinteticamente.

Vegetarianos ou alérgicos?

O veterinário Rodrigo Bazolli lembra que, independentemente de escolhas ideológicas, a nutrição do animal precisa sempre ser respeitada. Segundo o especialista, a opção Veggie da linha All Love possui dois públicos diferentes: proprietários vegetarianos ou veganos que querem que o pet também esteja de acordo com esse estilo de vida e proprietários com cães com algum tipo de alergia à proteína animal.

É o caso do Joaquim, cachorro SRD (Sem Raça Definida) que tem alergia a frango e carne de boi por conta de um problema de baixa imunidade. Segundo nos conta sua dona, a pedagoga e psicopedagoga Marcella Sacchetti Belmonte, foi muito difícil encontrar uma opção de ração que não incluísse proteína de frango ou miúdos na composição – tanto que ela partiu para a alimentação natural feita em casa por um período, o que trouxe a iniciativa de criar a pequena Meu Quitutinho para a produção de petiscos naturais e vegetarianos ao lado de uma veterinária. As opções incluem ingredientes como beterraba, brócolis e banana.

Comidinhas caseiras

A alimentação natural também é uma opção para quem quer fugir de conservantes e outros químicos, mas costumam incluir produtos de origem animal na combinação de alimentos. No entanto, é crucial lembrar que o acompanhamento veterinário para uma alimentação adequada é imprescindível. Iniciativas como a Cachorro Verde, por exemplo, dá cursos online de alimentação natural para cães e gatos e até de petiscos funcionais, entre outros serviços.

Já a Eleven Chimps oferece um serviço de assinatura de dietas para cães não apenas feitas somente com ingredientes naturais, mas também pensadas para atender ao perfil de diferentes cães, como alérgicos ou com tendência à obesidade. Outra oportunidade desse mercado é a La Pet Cuisine, que oferece alimentação natural para cães e gatos como o prato de Risoto Vegetariano, com arroz 7 grãos, carne de soja, ovo, abobrinha, chuchu e cenoura.

A busca continua

As alternativas a uma ração que fuja da supremacia da proteína animal já estão presentes no mercado – assim como os petiscos –, mas é preciso estar atento: nem todas estão livres de transgênicos e agrotóxicos, por exemplo. De acordo com Bazolli, são vários os desafios para a obtenção de ingredientes orgânicos, a começar pela disponibilidade de ingredientes. “Toda a cadeia orgânica ainda tem poucos fornecedores”, comenta. Portanto, ainda é preciso fazer escolhas difíceis para a alimentação do seu pet – mas que parecem conter mais benefícios para eles e para você mesmo do que os alimentos comerciais baseados em proteínas animais.