A edição 2018 do Vegfest, um dos eventos mais esperados do ano para o público vegetariano aconteceu em São Paulo, entre os dias 10 e 14 de outubro. Contando com a presença um grande público, o congresso já começou cheio de surpresas, como o anúncio de Brasília como a próxima cidade a receber o evento e a novidade que empolgou os congressistas: a partir desta edição, o Vegfest passa a acontecer anualmente; todo ano par em São Paulo e todo ano ímpar em outra cidade do Brasil. Inovação e informação deram o tom do VII Congresso Vegetariano Brasileiro.

A abertura oficial foi comandada por Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira e Alessandra Luglio, coordenadora do departamento de medicina e nutrição da organização. Animados, contagiaram o público presente, homenagearam Marly Winckler, que há 15 anos fundou a SVB, e falaram sobre os compromissos e desafios do ativismo. Alessandra se emocionou ao lembrar dos pioneiros do movimento.

“É uma responsabilidade enorme de cada um de nós dar continuidade a todo esse trabalho maravilhoso que pessoas extremamente engajadas, lá atrás, em uma condição que não era a nossa; que hoje está relativamente mais simples porque hoje a ciência nos embasa para que a gente possa defender o vegetarianismo, os preconceitos cada vez são menores. Então, tiramos o chapéu para pessoas que lá atrás, visionárias olharam para um idealismo, para uma necessidade do mundo e tiveram coragem de colocar as caras para bater”

Alessandra palestrou no primeiro dia de congresso; logo após a abertura, a nutricionista falou, por volta de uma hora, para um público bastante interessado sobre a Desconstrução do Padrão Alimentar. Como ela, ao longo de todo o dia, dezenas de palestrantes passaram pelas salas do evento.

Para Luise Tezza, voluntária no núcleo da SVB na Fronteira da Paz, que fica entre Brasil e Uruguai, as explicações que ouviu, em especial na fala de Gustavo Guadagnini sobre O Futuro da Carne, contribuirão para seu trabalho como ativista,

"Eu particularmente gostei dessa ideia de que em poucos anos já vai ter essa carne artificial no mercado, não precisar mais matar animais nessa escala que a gente mata hoje. E também trouxe uma nova visão, ele falou sobre essa questão de que conveniência, preço e sabor são mais importantes para as pessoas do que os animais e a saúde. É triste saber disso, mas, por outro lado, a gente sabendo dessa ferramenta fica mais fácil de fazer ativismo. A gente sempre falou muito dos animais, mas agora vou passar a falar da facilidade e que você consegue o mesmo sabor, vou dar ênfase nesses outros aspectos que o palestrante mostrou que tem mais impacto".

Pelos corredores os congressistas se mostravam animados com as trocas de informações e experiências, como foi o caso do casal Thaís Paim e Lucas Vasconcelos. Residentes em Salvador- BA, a estudante de gastronomia e o promotor de justiça vieram para São Paulo especialmente para participar do congresso. É a segunda edição consecutiva que Thaís participa e ela não deseja parar por aí, tem planos de abrir um café vegano na cidade onde mora e vê no evento uma possibilidade de aprender mais e fazer contatos para o seu negócio "Meu objetivo é montar um café vegano em Salvador. Então, eu vim para cá para conhecer, fazer contatos, ver fornecedores, conhecer gente de outros estados também e ter ideias, né? Viver e respirar esse tema". Lucas, por outro lado, que é vegetariano e ainda está no processo de transição para o veganismo conta que o evento é uma ótima forma de conhecer mais sobre o veganismo.

“Acho que o Vegfest tem a possibilidade de trazer mais informações sobre os direitos dos animais, sobre alimentação, saúde e tudo isso pode contribuir. Eu não sou ainda vegano, sou vegetariano, mas espero chegar lá e me tornar vegano”

No intervalo para o almoço, boa parte dos congressistas aproveitou para passear pela feira vegana que, diga-se de passagem, tinha entrada gratuita e era aberta ao público.  A sensação do almoço no primeiro dia foi a pizza de 20 metros do Pop Vegan Food, em uma grande fila que tomava conta do espaço, as pessoas aguardavam ansiosas para provar um pedaço.

A estudante de nutrição Larissa Mendonça, além da empolgação com o congresso que, segundo ela, representa tudo o que acredita em se tratando de profissionais de diversas áreas trabalhando em prol dos animais e da saúde humana, também não escondia o desejo de experimentar a pizza gigante, “Vai valer a pena todo esse tempo na fila porque nunca vi uma pizza tão grande. Deve estar incrível! Eu vi que o povo está conseguindo comer bastante. Então acredito que deve ser bem levinha, bem gostosa".

Assim como os congressistas, os expositores falavam com entusiasmo sobre o sucesso do evento e a particularidade do público. Para Claudia Vargas, diretora da Pão de Beijo:

“Aqui é um público mais de varejo, porém muito formador de opinião por conta do congresso. Tem muitos nutricionistas, muitos médicos, então é um público bem diferente, porém muito interessante”.

Angela Keller, expositora da APSE Cosmetics também enalteceu os congressistas "Tem sido muito bacana. Aqui em São Paulo é um público totalmente diferente. O pessoal é bem voltado para essa parte vegana. A gente sempre tem muito sucesso aqui".

No decorrer dos 5 dias, o congresso contou com mais de 150 palestrantes, inúmeras atividades e atrações e um público ávido por informação. Na feira, todos puderam contemplar a variedade de alimentos e produtos disponíveis. O Vegfest 2018 acabou e já deixou todos ansiosos para a edição 2019, em Brasília.