VEGETARIANISMO

VEGETARISNISMO: OS NÚMEROS NÃO PARAM DE CRESCER

A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS DESCOBRIU QUE A TENDÊNCIA NÃO TEM VOLTA. 


Helen Almeida | May 18, 2019

Se você acha que ainda faltam incentivo e opções no mercado de produtos à base de vegetais para reduzir o consumo de carne ou, quem sabe, adotar de vez uma alimentação vegetariana ou vegana, esta reportagem veio de encomenda. Na última década, a preocupação das pessoas com a própria saúde e a do planeta, além de poupar a vida dos animais, provocou uma mudança coletiva no comportamento alimentar e, consequentemente, na indústria de alimentos. 

Prova disso são as startups plant-based que surgiram para atender a necessidade desses consumidores e, que, nesse período, faturaram 16 bilhões de dólares, com recorde de venda nos anos de 2017 e 2018, de acordo com o Relatório do Estado da Indústria, divulgado pela organização americana Good Food Institute (GFI). 

As grandes players da indústria não perderam tempo: 19 das pequenas empresas que despontaram de 2009 para cá foram compradas por multinacionais, a maioria sem a mínima intimidade com produtos vegetarianos e veganos. Para não perder mercado, indústrias como Nestlé e Danone estão usando mais uma estratégia: desenvolver opções que atendam a nova demanda por alimentos isentos de ingredientes de origem animal.

Você sente falta de um belo hambúrguer? Não se preocupe. Atentas à demanda por opções baseadas em plantas, as duas maiores cadeias de fast-food focadas no lanche atualizaram seus menus, aqui e em outros lugares do mundo. E não se arrependeram: o Veggie Burger, do Burger King, vendeu, no Brasil, 1 milhão de unidades só em 2018, 30% a mais que em 2017. Um concorrente e tanto para o McVeggie, do McDonald’s.

Agora, se você acha difícil abrir mão da  praticidade das caixinhas com “discos” de carne disponíveis no supermercado, lá vai mais uma novidade: o Futuro Burger. Criado pela Fazenda Futuro, primeira foodtech brasileira a criar carne vegetal idêntica à animal, ele imita o sabor, a textura e o cheiro da carne bovina. É feito à base de proteína de ervilha, proteína isolada de soja e de grão-de-bico (todos os itens provenientes de grãos não transgênicos), mas a sensação é de que você está mordendo um hambúrguer tão suculento quanto o tradicional.

Nos Estados Unidos, a comida mexicana plant-based é a próxima grande tendência de sabor. Em abril deste ano, redes como Chipotle e Taco Bell incrementaram seus cardápios com novas opções sem carne. Prepare-se para muito mais: a expansão da alimentação verde ainda vai longe. Isso porque muitos empreendedores reconhecem esse mercado como uma boa oportunidade de investimento, segundo Brad Barbera, diretor de inovação da GFI. 

Em entrevista à revista IstoÉ Dinheiro, Ariel Grunkraut, diretor de marketing da Burger King Brasil confirmou o interesse da população nessa mudança alimentar. E, baseado em pesquisas de hábitos de consumo, afirmou um aumento de consumidores interessados não só em comida vegetariana, mas também orgânica e vegana.

 

POR AQUI A TENDÊNCIA CRESCE A PASSOS LARGOS

O Brasil é o segundo país do mundo com maior rebanho bovino e, mesmo assim, uma pesquisa do IBOPE de 2018 revelou que 61% dos brasileiros entrevistados dariam preferência para produtos veganos, caso eles tivessem preços semelhantes aos dos alimentos de origem animal. 

Mesmo assim, aqueles que se consideram vegetarianos já são muitos: 29,2 milhões, de acordo com o IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística). A expectativa é de que esse número aumente 40% a cada ano, de acordo com empresários do setor entrevistados em 2016 pelo jornal Folha de S.Paulo. Eles destacaram o crescimento especialmente das startups e dos pequenos produtores, geralmente apoiados por grupos de consumidores que priorizam alimentos de produção familiar e artesanal.

A previsão das pessoas engajadas em disseminar a alimentação baseada em vegetais é ainda mais otimista: o vegetarianismo vai deixar de ser uma escolha de uma pequena parcela da população para ocupar lugar central na mesa da família brasileira, segundo Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira. Quer dizer que, se você ainda não aderiu à alimentação vegetariana ou vegana, é bem provável que o faça em breve. Mas, se continuar achando que ainda não é o momento, pelo menos reduza o consumo de carne, para seu próprio bem — claro, o planeta e os animais vão agradecer. Nós estamos na torcida!

Crédito fotos: Design Sponge