Apesar de relativamente nova, a alimentação flexitariana já se encaixa na rotina de muitas pessoas que fazem questão de priorizar os vegetais na maior parte do tempo, mas que comem carne uma ou duas vezes por semana ou apenas quando têm vontade. É uma ótima estratégia para quem quer apenas reduzir o consumo de proteína animal – isso já traz benefícios à saúde e reduz o impacto ambiental provocado pela pecuária – e um bom começo para aqueles que pretendem fazer a transição para o vegetarianismo.
Para incentivar mais pessoas a comerem uma quantidade maior de verduras e legumes, sem a necessidade de assumir rótulos, convidamos alguns adeptos da alimentação flexitariana para contar suas experiências. Leia e inspire-se.
Thainá Andrade, chef do restaurante vegano Casa Raw.
"A gastronomia à base de vegetais me desafiou a fazer coisas incríveis com itens que as pessoas não dão tanto valor: abóbora, por exemplo. Um dos pratos que criei com esse ingrediente passou para a lista dos mais vendidos no restaurante, o que acho incrível. Mas, como escolhi trabalhar e viver a gastronomia, prefiro não assumir rótulos nem me colocar num nicho que possa me impedir de experimentar novos sabores e caminhar por experiências gastronômicas.
Por isso, para mim, o flexitarianismo faz muito sentido: 90% da minha alimentação é plant-based (e eu amo), mas sei que, quando sinto vontade, tenho a liberdade de provar outros alimentos.”
André, nutricionista e chef funcional.
“Trabalho com alimentação saudável, mas não levanto uma bandeira específica. Tenho em mente que devemos nos sentir livres para fazermos nossas escolhas, sem a necessidade de nos rotularmos. Mas, com certeza, reduzir o consumo de carne é extremamente benéfico.
Aliás, por ser alcalina, a alimentação baseada em vegetais não acidifica o sangue e mantém nosso organismo funcionando da melhor forma possível. Apoio a alimentação flexitariana há um bom tempo e, por isso, sei que as pessoas têm muito medo de fazer as preparações principais só com vegetais. É importante que elas se deem a oportunidade de provar. Berinjela à parmegiana, por exemplo, é tão gostosa quanto o bife à parmegiana.
Um dos grandes papéis que tenho é mostrar que a alimentação rica em vegetais não é trabalhosa e, muito menos, sem graça. Podemos sim fazer combinações proteicas, nutritivas e deliciosas com esses ingredientes e, de quebra, contribuir para a preservação do meio ambiente.”
Ailin Aleixo, jornalista, crítica gastronômica e comunicadora.
"Reduzi o consumo de carne há mais de 10 anos. Tudo começou porque eu, como jornalista de gastronomia e crítica gastronômica, comecei a me sentir fútil por não saber nada sobre a cadeia de produção de alimentos. Sendo assim, visitei aviários, abatedouros, hortas, produtores de peixes e de suínos. Entrevistei biólogos e pesquisadores. Até que tudo ficou muito claro:
Não existe nada no planeta com tantos impactos negativos sociais, ambientais, de saúde pública e privada do que a forma que criamos animais para o consumo humano. Tendo isso em vista e levando a parte ética em consideração, nunca mais consegui encarar carne, ovos e leite com os olhos de antes. Foi inevitável diminuir o consumo.
Hoje em dia, como carne apenas a trabalho. Faço crítica gastronômica e, portanto, preciso experimentar. Mesmo assim, priorizo pratos com o mínimo possível de itens de origem animal, principalmente carne. Além disso, cada vez mais, sinto a necessidade de comunicar tudo o que venho descobrindo sobre o método de produção de alimentos. Esse start culminou no começo do ano, no lançamento do meu podcast, o Vai Se Food, no qual falo de comida em todos os espectros. Abordo principalmente as questões macro e de como o que a gente come molda o mundo.
Infelizmente, o mundo está sendo moldado por uma profunda destruição com o uso maciço de agrotóxicos dedicados à monoculturas, direcionadas para alimentar animais de abate, e destruição de biomas para criação de pastos. Tudo o que está pressionando imensamente o planeta e a saúde pública, está completamente ligado ao método de produção de animais para o consumo humano, assim como a pandemia que estamos vivendo.
Ou seja, é insustentável e imoral continuar dessa forma. Se não quisermos colapsar, precisamos mudar. Para concluir: sou simpática ao veganismo e vegetarianismo pois, por meio deles, descobri que o que a gente come, molda o mundo. Não estamos moldando um mundo sustentável com nossas escolhas atuais de alimentação."
Maria Eugenia Luz, influencer de moda e lifestyle.
“Em 2018, reduzi o consumo de carne e senti uma super diferença para melhor na minha disposição e saúde em geral.
O flexitarianismo também tem me proporcionado a oportunidade de variar mais meu cardápio e usar alimentos que eu não explorava antes.
Junto com a alimentação, aconteceram outras mudanças boas: aumentou ainda mais minha preocupação em evitar marcas de produtos que fazem testes em animais ou que não estejam empenhadas em se tornar mais sustentáveis.”
Lais Trussardi, ex-modelo e influencer.
"Não consumo mais carne de frango e boi há mais de 2 anos e, agora, em 2020, diminui frutos do mar de forma leve e natural. Em vários momentos da minha vida, mudava minha alimentação de 8 para 80 e não era nada sustentável. Então decidi parar de me rotular e fazer alterações que fossem mais saudáveis para mim. Passei a agir sempre com paciência e constância.
Às vezes ainda como muito queijo, às vezes menos, mas o flexitarianismo me trouxe uma alimentação muito mais variada. Comecei até a considerar alimentos que antes eu nem cogitava, como leguminosas e cereais."