A partir do momento da concepção até os 2 anos de idade, a criança vive os seus primeiros dias de vida, que, para uma linha de especialistas da medicina e da nutrição, representam os mais importantes para a formação da microbiota intestinal (conjunto de microrganismos que habitam o intestino). Significa que a futura mamãe deve comer saudável durante a gestação se quiser que seu bebê desenvolva uma microbiota saudável.
E por que é importante uma microbiota saudável desde bebê? Nos mil primeiros dias, ela participa intensamente da definição das características metabólicas, endócrinas e imunológicas que irão acompanhar a criança por toda sua vida. Bem equilibrada, a microbiota também se encarrega de produzir determinadas vitaminas, bloquear agentes infecciosos, regular o humor e favorecer a digestão. Ou seja, a composição e o desenvolvimento corretos da microbiota refletem a saúde de forma geral, na infância e na fase adulta.
Existem outros aspectos importantes na formação da microbiota: genética, saúde materna (antes e durante a gestação), tipo de parto, uso de antibióticos, ambiente familiar e, claro, alimentação da criança. Nem é preciso dizer que os pais devem fazer de tudo para que o bebê receba aleitamento materno exclusivo até o sexto mês e, só então, passe a receber outros alimentos, apresentados aos poucos (veja aqui), como complemento ao leite.
Se possível, a amamentação deve ser mantida até os 2 anos de idade. Até esse período, compostos do leite materno continuam favorecendo a microbiota, que, então, protege a criança de ganhar peso em excesso no futuro. Os estudos revelaram ainda risco diminuído de distúrbios do metabolismo ósseo e doenças cardiovasculares.
Paralelamente, os pais podem oferecer alimentos prebióticos e probióticos, e uma alimentação equilibrada nos demais nutrientes. Como fazer isso? Monte o prato da criança com legumes, verduras, frutas e grãos variados. Eles também vão ajudar na formação da microbiota e no desenvolvimento do sistema imune, reduzindo o risco de alergias em geral, além de aumentar a prevenção contra doenças crônicas, como hipertensão, obesidade e diabetes.
Já a má nutrição pode causar modificações no DNA e gerar alterações genotípicas e fenotípicas desfavoráveis e que persistem pela vida adulta. Por isso é sempre bom o acompanhamento de um nutricionista, de preferência, ainda nos mil primeiros dias da criança.
*LUNA AZEVEDO é nutricionista materno infantil, atuante em alimentação vegana e vegetariana.
Referências bibliográficas
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