COMIDA DE VERDADE

ORGÂNICOS. SERÁ QUE SÃO CAROS MESMO?

3 MOTIVOS PARA VOCÊ MUDAR DE IDEIA EM RELAÇÃO AO VALOR DESSES PRODUTOS.


Gabriela Hunnicutt | Jun 08, 2020

Na semana passada, batemos um papo com Rodrigo Rivellino, publicitário que se apaixonou pela produção de alimentos orgânicos e hoje é um pequeno produtor na região de Vinhedo, em SP. Rodrigo transformou um campo de futebol abandonado no sítio da família em uma horta maravilhosa e livre de qualquer tipo de agrotóxicos, o @Sitiokm75 

Foto: @sitiokm75

 

Durante a conversa, não poderia deixar de surgir o tema preço, uma vez que muita gente diz que ainda não consome orgânicos porque são mais caros que os alimentos comuns. Em primeiro lugar, vem a grande pergunta: mas o que são alimentos comuns? Nossos ancestrais nunca plantaram usando agrotóxicos, portanto o nosso normal deveria ter sido continuar assim. Mas a ganância de alguns, o êxodo urbano (as pessoas deixaram de plantar sua própria comida) e a ignorância de muitos sobre os malefícios dos agrotóxicos, fez com que o orgânico passasse a ser a exceção e não a regra.

Mas vamos considerar aqui três pontos fundamentais que mostram porque comprar orgânicos não é tão caro quanto parece. O ponto de partida é o crescimento da indústria farmacêutica no mundo. De acordo com o Guia 2019 da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), o gasto global com medicamentos atingiu US$ 1,2 trilhão em 2018 (pouco mais de R$ 5 trilhões) e deve ultrapassar US$ 1,5 trilhão em 2023. Já o mercado farmacêutico brasileiro deve movimentar entre US$ 39 bilhões (R$ 162 bilhões) e US$ 43 bilhões (R$ 179 bilhões) em 2023, comercializando algo em torno de 238 milhões de doses. De acordo com os especialistas, nos próximos quatro anos a tendência é de que o Brasil assuma a quinta posição do ranking mundial da indústria farmacêutica, liderado, atualmente, pelos Estados Unidos.

Por que a indústria dos remédios segue de forma tão acelerada? Porque estamos cada vez mais doentes. E isso se dá, entre outras coisas – como o estresse, por uma alimentação rica em agrotóxicos e pobre em nutrientes. E aí entramos no segundo ponto: eles mesmos, os nutrientes. Ainda há muito o que ser comprovado pela ciência mas, no que diz respeito aos produtos vegetais, a concentração de antioxidantes é maior nos orgânicos, uma vez que eles atuam como uma defesa natural das plantas contra o ataque das pragas (exatamente como o nosso corpo faz para se proteger de agressores). Quando são cultivados com agrotóxicos, as plantas crescem com menos escudos protetores. E nós, por tabela, nos servimos pouco – ou quase nada, desse benefício. 

Um terceiro – e indiscutível, ponto é o sabor. Quem experimenta um alimento orgânico passa a conhecer o seu verdadeiro sabor. Além disso, a cor, a textura e o perfume também são completamente diferentes. Ou seja, comida de verdade. Em resumo, a conta fecha. Menos gastos na farmácia, mais nutrientes e mais sabor são motivos suficientes para o investimento em uma alimentação que acrescenta; não subtrai.

E para promover uma maior conscientização da sociedade nesse sentido, nasceu, em outubro de 2019, o Instituto Brasil Orgânico, que tem como missão cultivar um país mais orgânico através da representação, promoção, proteção e incentivo. A nutricionista, chef, além de grande ativista por uma alimentação mais saudável, Bela Gil, é uma das integrantes do Instituto. E importante saber: cada um de nós pode fazer parte como associado, seja como mantenedor, seja como colaborador.