nutrição funcional

NUTRIÇÃO FUNCIONAL: VOCÊ SABE EXATAMENTE O QUE É?

NOSSO CORPO É MAIS INFLUENCIADO PELOS ALIMENTOS DO QUE IMAGINAMOS




Renata Losso | Sep 24, 2019

 

Muito se fala da nutrição funcional, mas nem todos sabem exatamente o que é. Trata-se de uma área de conhecimento que busca entender a relação que os diferentes sistemas orgânicos do corpo estabelecem entre si e, assim, identificar sintomas e sinais de desequilíbrio fisiológico, estrutural ou mental para poder desvendar seus porquês de acordo com a individualidade de cada pessoa.

A nutricionista Ana Beatriz Baptistella, do departamento científico da VP Centro de Nutrição Funcional, exemplifica:

“Todos os sinais e sintomas que têm relação com deficiências nutricionais podem e devem ser corrigidos por meio da alimentação individualizada e equilibrada. Isso porque, para funcionar, uma célula precisa de muitas vitaminas, minerais, compostos bioativos e macronutrientes que devem ser oferecidos pela alimentação”.

Queda de cabelo, alteração na estrutura das unhas, alterações de pele, falta de energia, fadiga, enxaquecas, insônias e até mesmo pouca capacidade de concentração são alguns dos sintomas de desequilíbrio. “Todos os sinais e sintomas que têm relação com deficiências nutricionais podem e devem ser corrigidos por meio da alimentação individualizada e equilibrada”, enfatiza a nutricionista. Mas as causas desses sintomas mudam de pessoa para pessoa: cargas genéticas e diferentes características mentais e emocionais, segundo a especialista, influenciam a forma como nos relacionamos com os alimentos. O estilo de vida também deve ser considerado: hábitos sociais, padrão de sono e a realização ou não de atividades físicas, afinal, não deixam de ser fatores de influência.

ALIMENTOS X INDIVIDUALIDADE

A consideração de fatores individuais é essencial para desvendar as necessidades nutricionais de cada um. “Enquanto um alimento pode ser uma excelente estratégia para um paciente, pode gerar reações de intolerância ou sensibilidade em outro”, explica Ana Beatriz. A nutricionista Luana Barbosa, com especialização em vegetarianismo, complementa:

“Nosso corpo é único. Mesmo com estruturas iguais, a forma com que nossas células funcionam e absorvem os nutrientes é diferente para cada pessoa.”

Sendo assim, alguns alimentos podem ser extremamente produtivos para algumas pessoas e contraindicados para outras. Ana Beatriz comenta que as oleaginosas, por exemplo, são excelentes fontes de gorduras saudáveis, aminoácidos, minerais, compostos antioxidantes e vitamina E, ajudando muito na ingestão alimentar diária. Por outro lado, algumas pessoas apresentam alergias a alguns dos alimentos dessa família, tornando-se preciso excluí-los do cardápio diário. O gengibre é outro exemplo: embora o alimento seja excelente para acelerar o metabolismo e desintoxicar o organismo, Luana comenta que ele pode ser também prejudicial para hipertensos.

Ou seja, nossa saúde é extremamente influenciada por nossa dieta. E a nossa saúde mental não fica de fora. De acordo com Luana, alimentos com alto índice glicêmico, a falta de vitamina D ou carência de ômega-3 podem piorar sintomas de depressão e até desencadear a ansiedade. Isso se explica pelo fato de os neurotransmissores precisarem de nutrientes para cumprirem suas funções adequadamente – assim, se há falta desses nutrientes, um desequilíbrio acaba sendo gerado. Além disso, Ana Beatriz acrescenta que é preciso garantir que a saúde intestinal esteja em dia, já que “o intestino influencia diretamente na produção de hormônios e neurotransmissores com ação cerebral”.
 
VEGETARIANISMO X PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Diante do conhecimento de que tudo o que comemos – ou deixamos de comer – pode influenciar tanto para o bem quanto para o mal das funções do nosso corpo, a VEG MAG questionou as especialistas sobre os benefícios ou malefícios que uma dieta vegetariana pode ter para o organismo do ponto de vista funcional. De acordo com Baptistella, optar pelo vegetarianismo pode sim ser uma escolha saudável, mas sempre que a dieta for equilibrada e estiver de acordo com os princípios básicos da nutrição. Por isso, é preciso estar atento para não cair no conto de que ser vegetariano significa não precisar se preocupar com a alimentação porque os alimentos de origem animal já foram excluídos:

“Muitos pacientes vegetarianos fazem escolhas alimentares erradas, mantendo uma alimentação rica em produtos industrializados e carboidratos refinados”, comenta ela. Ser vegetariano, na realidade, significa se preocupar ainda mais com a alimentação.

Segundo Luana, se levarmos em conta o fator inflamatório e a má qualidade da maioria das proteínas animais atualmente, o vegetarianismo é uma escolha até mais saudável para o corpo. Mas a pessoa vegetariana, precisa estar acompanhada de um profissional capacitado para ter uma alimentação mais rica em fibras, sementes, grãos, frutas, legumes e verduras. Por outro lado, a especialista também comenta que quem consome proteína animal sem excessos e mantém uma dieta equilibrada com alimentos anti-inflamatórios também pode estar fazendo escolhas saudáveis. Mas Ana Beatriz lembra que o consumo de alimentos de origem animal tem um impacto ambiental de grande relevância, já que sua produção gasta muitos recursos naturais.

Para onívoros, a necessidade do consumo de proteína de origem animal normalmente se dá pelo fornecimento de aminoácidos essenciais que nem sempre são encontrados em quantidades ideais ou equilibradamente em outros alimentos. É claro, substituir esses nutrientes com uma dieta vegetariana é possível e usualmente positivo, mas a dieta precisa ser cautelosa e atender às necessidades de cada organismo. Portanto, quando o consumo de carne – independentemente de sua origem bovina ou de frango – ainda acontece com frequência, é preciso ter consciência a respeito dessa alimentação. As pessoas, afinal, não necessariamente precisam de carne: “Precisamos dos nutrientes [que estão presentes na carne], mas eles podem ser encontrados em outros alimentos”, comenta Ana Beatriz.

Como acrescenta Luana, a alimentação com proteína de origem animal hoje em dia é realmente uma opção, não uma necessidade. Não quer dizer que os nutricionistas excluam os alimentos de origem animal das dietas formuladas de acordo com seus pacientes, mas reduzir o consumo, fazer escolhas inteligentes pelos melhores produtos de origem animal e consumi-los em horários específicos são, de acordo com ela, estratégias existentes para dietas onívoras.