Primeiro veio o leite de soja. Agora é a vez dos leites de arroz, de aveia e de amêndoas. Por que será que o leite de vaca vem perdendo a supremacia nas gôndolas do supermercado e na lista de produtos indispensáveis dos brasileiros? Intolerantes à lactose, alérgicos à proteína do leite, veganos e vegetarianos estritos podem ter a resposta. Mas acontece que você não precisa estar dentro de nenhuma das alternativas anteriores para apostar nos leites vegetais como substitutos do leite de vaca no seu cotidiano.
De acordo com o nutricionista George Guimarães, diretor da consultoria em nutrição vegetariana NUTRIVEG,
A única coisa de interesse nutricional que passamos a consumir menos quando eliminamos o leite de vaca do nosso dia a dia é o cálcio. Mas isso não significa que só obteremos o cálcio para o nosso corpo com esse leite animal: o nutriente pode ser obtido de outras formas, como com o consumo de vegetais verde-escuros como brócolis e couve ou até mesmo com o leite tirado de castanhas como amêndoas ou avelãs, todas fontes de cálcio.
Sendo assim, uma dieta que elimine o leite de vaca do cardápio não sofrerá tantas perdas como muitos imaginam. Na verdade, terá mais ganhos, já que todos os malefícios do leite de vaca ficarão de fora da sua dieta.
Os males do leite de vaca
Sim, malefícios. Além da lactose para os intolerantes e da caseína para os alérgicos, o leite de vaca oferece outras características que não agregam muito ao bem-estar do corpo humano: uma grande fração de gordura saturada em sua composição e nenhum tipo de fibra.
Já os leites vegetais, além de serem menos alergênicos e terem menos gordura saturada, contêm fibras e são também ricos em ferro – outro nutriente que o leite animal não inclui em sua combinação. Ou seja: tirando o caso de alérgicos a alguma oleaginosa específica, condição que faz com que um alimento propício para extrair o leite vegetal seja contraindicado, os leites vegetais são mais propícios para consumo do que o leite de vaca.
As vantagens dos leites vegetais (exceto o leite de soja)
E também oferecem sabores para todos os paladares.
Podendo ser feitos com oleaginosas, cereais ou até sementes, os leites vegetais podem se adequar tanto ao seu gosto quanto à sua necessidade nutricional.
Guimarães explica que o gergelim e as amêndoas são mais ricos em cálcio; já a semente de abóbora é mais rica em zinco e a castanha-do-pará é mais rica em selênio; as nozes, por outro lado, são mais ricas em ômega-3. Por conta dessa diversidade, pode-se levar em conta as especificidades do seu estilo de vida para decidir qual serão os leites ideais para você: se você já se alimenta com castanha-do-pará com frequência, por exemplo, o ideal seria se beneficiar de um leite feito com um alimento como as amêndoas, já que cada uma caracteriza uma diferente força nutritiva.
Há um leite vegetal, no entanto, que deve ser evitado: o leite de soja industrializado.
Segundo George, por conta da indústria querer colocá-lo no mercado com um preço mais competitivo, esse é o leite de soja que mais tem ingredientes desnecessários para se tornar mais “palatável” e “saboroso entre muitas aspas”, como o próprio nutricionista diz. Já que é um produto que tenta se adaptar a um sabor que as pessoas já estejam um pouco acostumadas a partir da adição de baunilha e açúcares, aromatizantes e gomas, o leite de soja acaba se tornando o menos indicado para consumo.
Os outros leites vegetais, por outro lado, embora tenham melhores composições, acabam saindo por preços mais altos do que o brasileiro médio está disposto a pagar. Por isso, é importante ressaltar que é possível fazê-los em casa tranquilamente: o importante é ter um liquidificador em mãos e seguir as orientações que Alana Rox, autora do “Diário de uma vegana”, dá aqui: basta bater o ingrediente de sua escolha com água e pronto.
Suas receitas também não precisam de leite de vaca
George Guimarães ainda acrescenta que o leite vegetal também é capaz de substituir o leite de vaca na hora de fazer as receitas que pedem o leite animal. Em alguns casos, no entanto, você pode acrescentar tofu batido se precisar alcançar uma consistência mais grossa ou uma camada mais cremosa, como no caso de uma sobremesa como o tiramisu, por exemplo.