Muita gente nunca experimentou, mas já ouviu falar no jejum intermitente - uma estratégia alimentar polêmica por causa do intervalo de 12 horas, contando com o período de sono, que você fica sem comer nada. Mas a cada novo estudo, a eficiência do método vai sendo confirmada. Uma pesquisa da Universidade de Surrey, na Inglaterra, mostrou resultado positivo nos participantes que apostaram nesse tipo de jejum para perder 5% do peso. Eles alcançaram o objetivo quase 15 dias antes do que aqueles que preferiram apenas restringir calorias, e ainda tiveram os níveis de LDL (colesterol ruim) e a pressão arterial reduzidos.
Amenizar o stress mental e físico, desintoxicar, e aumentar a disposição são outros benefícios proporcionados pelo jejum intermitente, tradicional no Lapinha, primeiro spa médico no Brasil, localizado no Paraná. Lá, o método faz parte do “tratamento” dos hóspedes desde a inauguração, há 46 anos. E o mais incrível: quase ninguém percebe que está fazendo jejum de 12 horas - ou mais, dependendo do caso de cada “paciente”. O jantar é antecipado para às 18 horas para completar o tempo mínimo de jejum até o café da manhã, entre 6 e 7 horas. E a base do cardápio, em todas as refeições, é de alimentos frescos, a maioria orgânicos e colhido na horta cultivada na propriedade. Os resultados são sempre positivos: “Depois de uma semana nesse ritmo, as pessoas voltam para casa renovadas e com hábitos alimentares mais saudáveis”, conta o clínico geral, Daniel Boarim, diretor clínico do Lapinha.
COMO FAZER?
Com a correria do trabalho, das tarefas com a casa e outros tantos compromissos do dia a dia, é mais difícil cumprir esse intervalo. Mas você pode tentar jantar um pouco mais cedo, não muito depois das 8 da noite, e empurrar o café da manhã para um pouco mais tarde — e, claro, continuar fazendo boas escolhas nas suas refeições. É a forma mais fácil de você encaixar o jejum intermitente na sua rotina e, ainda, evitar o péssimo hábito de deitar de barriga cheia.
“Comer e dormir em seguida aumenta o risco de gordura, proteína e carboidrato não metalizados corretamente pelo organismo irem parar na corrente sanguínea”, explica o médico. Resultado: níveis altos e prolongados de insulina — uma porta aberta para os processos inflamatórios e oxidativos associados a doenças crônicas, como diabetes, cardiopatias e obesidade, além do envelhecimento precoce. Por isso não são poucos os médicos adeptos do método que se arriscam a afirmar que ele prolonga a vida, e com qualidade.
“O jejum intermitente evita que a gente passe mais tempo comendo do que não comendo e, assim respeite o ciclo do jejum, tão importante quanto o ciclo do sono”, complementa o dr. Daniel.
É um intervalo necessário para que o organismo possa reorganizar o metabolismo e reequilibrar os níveis de glicemia e insulina, além melhorar os de beta-hidroxibutirato — corpos cetônicos produzidos no jejum que contribuem para regular a fome. Isso mesmo: o jejum intermitente ajuda você a emagrecer e não voltar a engordar com tanta facilidade.
Apesar de melhorar muito a saúde, a estratégia não é para todo mundo. Deve ser evitada por pessoas que têm diabetes, apresenta transtorno alimentar e idosos com sarcopenia (perda severa de massa muscular), além de grávidas e lactantes. E mesmo quem está saudável, precisa de acompanhamento profissional no caso de optar por um período sem comer maior que as 12 horas recomendadas. Do contrário, a perda de músculo é certa.