Comemorado hoje (16/10), o Dia Mundial da Saúde foi criado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para promover a conscientização e ação global para as populações que passam fome e a necessidade de garantir alimentação saudável para todos. Ou seja, muito ainda tem que ser feito pelos governantes, mas não só: cada um de nós pode ajudar a combater a fome no mundo.
Agora, em 2020, por causa da pandemia da covid-19, ficou ainda mais evidente a dificuldade de acesso a alimentos em algumas comunidades, no Brasil e em outras partes do mundo. Como ajudar a mudar esse cenário? Fazer com que comida adequada (frutas, verduras e alimentos minimamente processados), essencial na promoção de saúde, chegue até às pessoas que vivem em situação de fome, o que inclui discutir melhor distribuição de renda para diminuir a desigualdade. Para isso, a historiadora Adriana Salay Leme, em parceria com vários coletivos que combatem a fome no Brasil, criou a campanha “Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome”, título inspirado pela letra de Caetano Veloso.
A campanha começou oficialmente esta semana, com uma série de fóruns e discussões com pesquisadores, chefs e nutricionistas sobre a importância de uma alimentação saudável e segura para todos (assista gratuitamente no canal da campanha, no Youtube). Nos próximo dias (17 e 18/10), em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação, a ação tem continuidade com o Marmitaço, que ganhou a adesão de cozinheiros e chefs prestigiados, como Helena Rizzo, Paola Carosella, Bel Coelho, Bela Gil e Gabriel Zei, assim como equipes do Instituto Brasil a Gosto e Instituto Socioambiental (ISA), que vão preparar mais de 12 mil refeições e que serão levadas, por grupos especializados de entrega, para famílias em situação de fome.
Também estão previstas ações de conscientização para a necessidade de um novo olhar para o alimento. “Alguns coletivos, como o Fruta Feia e o Xepa Cozinha e Ativismo, estarão amanhã (17/10) no Ceagesp para orientar as pessoas como aproveitar totalmente os alimentos, evitando tanto desperdício”, explica o cozinheiro e educador Gabriel Zei, que também pretende discutir a possibilidade de os moradores de rua da região terem acesso aos alimentos que sobram no Ceasgp de maneira digna, limpa e segura, sem que eles precisem revirar os latões de lixo. Acompanhe a programação de São Paulo e outras capitais no site.
Gente é pra brilhar não para por aí, pois se trata de uma campanha permanente. Quem quiser, pode continuar acompanhando no site as reflexões e ações de solidariedade em defesa da vida e do direito ao acesso a uma alimentação segura e de qualidade para todos.
COLETIVO BANQUETAÇO
A campanha “Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome” foi organizada pelo Coletivo Banquetaço, surgido em 2017 para fortalecer a defesa do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável, e em prol da Soberania e Segurança Alimentar Nutricional (SSAN).
A primeira ação do Banquetaço aconteceu há 3 anos, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, para barrar a farinata (tipo de ração), projeto do então prefeito João Dória para alimentar a população vulnerável.
O coletivo também realizou ações pela Feira da Reforma Agrária (2018), contra a PL do Veneno, implementação do PNARA (Plano Nacional de Redução de Agrotóxicos) e foi responsável pelo adiamento da extinção do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar). E, de lá para cá, só ganhou força para tratar um problema tão urgente.