DIETA FLEXITARIANA E PLANT-BASED

DIETAS PLANT-BASED E FLEXITARIANA: TÊM DIFERENÇA?

Sim e não. Especialistas na área da nutrição explicam o por quê    


Eliane Contreras | Mar 18, 2022

Reduzir o consumo de proteína animal em troca de mais vegetais é uma tendência mundial que veio para ficar. Não significa que todos vão virar veganos. Num primeiro momento, muitas pessoas vão continuar comendo carne, porém, em menor frequência e quantidade. Muitos profissionais da área da nutrição chamam esse padrão alimentar de plant-based (alimentação baseada em plantas) – ou seria flexitariano? Uma alimentação flexitariana segue um padrão plant-based, mas nem toda dieta plant-based é flexitariana.

A nutricionista clínica Laís Murta, explica melhor: “Na literatura científica, as dietas vegetariana, vegana e crudívora são consideradas plant-based, assim como as dietas flexitariana, mediterrânea e nórdica – apesar de permitir o consumo moderado de carne (de preferência branca, como frango e peixe), as três priorizam os vegetais integrais e seus derivados, minimamente processados”. 

Definição de plant-based no Guia de Nutrição Vegana 

Recém-lançado, o Guia de Nutrição Vegana para Adultos, da União Vegetariana Internacional (IVU), é menos flexível na definição de plant-based: trata-se de uma alimentação baseada em alimentos na forma integral ou minimamente processada (com poucas quantidades de sal e óleo vegetal) e que exclui totalmente o uso de qualquer produto de origem animal (carnes, ovos, laticínios e mel). Isso mostra que, para alguns autores, a dieta plant-based é sinônimo de um cardápio vegetariano estrito e, portanto, com vários pontos distintos do flexitariano.

Outro alerta trazido na publicação: a indústria tem se apropriado do termo plant-based para identificar alimentos feitos de planta, que não contêm ingredientes de origem animal, sendo eles ultraprocessados ou não. “O uso inadequado da expressão plant-based abre brechas para o consumidor mais distraído adquirir produtos destituídos de fibras, fitoquímicos e adicionados de gordura hidrogenada, açúcar e óleo de adição, assim como corantes e demais aditivos alimentares”, avisa o médico, mestre e doutor em ciências da nutrição Eric Slywitch, diretor do Departamento de Medicina e Nutrição da IVU e autor do Guia.  

Whole food plant-based diet

Uma forma de evitar que o conceito de plant-based continue sendo distorcido ou dê margem a interpretações distintas, na opinião do médico, seria a retomada do termo original “whole food plant-based diet” (dieta baseada exclusivamente em plantas na versão integral, em tradução livre). “É possível que, num futuro próximo, do ponto de vista científico e da saúde, tenhamos que usar a expressão original para não haver dúvidas quanto à escolha pelo uso de alimentos em sua forma intacta e sem aditivos”, explica dr. Eric.

A expressão “whole food plant-based diet” foi criada, em 1980, pelo bioquímico norte-americano Thomas Colin Campbell para diferenciar uma dieta vegetariana estrita saudável da não saudável (com cereais refinados e alimentos processados). A recuperação do termo original também ajudaria a padronizar o emprego de plant-based apenas para dietas totalmente livres de alimentos de origem animal; e dieta flexitariana para um cardápio flexível, com muitos vegetais e pouca carne  (de preferência peixe e frango), o que possibilita uma transição gradativa para uma alimentação vegetariana saudável ou, segundo Campbell, “whole food plant-based diet”.