A escolha do tema “Nossas ações representam o nosso futuro: dietas saudáveis para um mundo fome zero” para o Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro), este ano, reflete a preocupação da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) com os rumos da alimentação no planeta. Não é para menos. Daqui a 30 anos, a Terra vai acolher mais de 10 bilhões de pessoas. Como alimentar toda essa população? Pergunta difícil de ser respondida num momento de crise climática e recursos naturais ameaçados. Por isso, as mudanças na cultura alimentar, em todas as etapas da cadeia, é um chamado urgente.

Só para se ter ideia, em 2017, a fome afetou 821 milhões de pessoas no mundo. Ao mesmo tempo, a proporção de adultos obesos chegou a 13,3% (o equivalente a 672 milhões de pessoas). No Brasil, o número de obesos (20% da população) ultrapassou o de pessoas com fome (2,5%). Em algumas regiões, como o Nordeste, outros problemas da má nutrição persistem: a desnutrição infantil, por exemplo, segue acima dos 5%.

Na opinião do representante da FAO, Rafael Zavala, a transição para uma alimentação e agricultura mais sustentáveis beneficiaria não somente as dietas, mas os ecossistemas e a economia. “Uma mudança que terá consequências não apenas na melhor qualidade da alimentação da população, mas também na economia mundial, na erradicação da pobreza e no desenvolvimento sustentável do planeta”, declarou Zavala ao site Nações Unidas Brasil. Mas é preciso mais.

Um novo cenário alimentar também depende da mudança comportamental de cada um de nós. Como? Adote o consumo consciente, prefira os alimentos sazonais de regiões próximas e utilize-os de maneira integral. Reduza o consumo de carne ou, melhor, experimente uma alimentação flexitariana e, se possível, evolua para uma alimentação baseada nos grãos e vegetais – sempre muito variados e combinados de diferentes formas.

Ler o rótulo é outra estratégia que precisa virar hábito. Quem quiser ir além e ajudar o novo modelo de rotulagem nutricional para o Brasil, a hora é agora. Até o dia 6 de novembro, toda a população tem a chance de participar da consulta de rotulagem aberta pela Anvisa e dizer se concorda com o uso de triângulos nos rótulos para sinalizar se um produto é alto em açúcar, alto em sódio e alto em gorduras totais. Já é uma maneira de participarmos das mudanças para uma alimentação mais consciente.