Todo começo de ano você se depara com artigos sobre detox pós-festas. Realmente é uma ótima estratégia para neutralizar os excessos gastronômicos cometidos entre Natal e Revéillon. Mesmo com um sistema de desintoxicação integrado ao fígado, o organismo agradece quando você oferece suporte na eliminação das toxinas provenientes do consumo excessivo de bebida alcoólica, açúcar, gordura saturada, produtos ultraprocessados (carregados de corantes, sódio e conservantes químicos) e outros alimentos inflamatórios comuns nas festas natalinas.
Porém, o ideal é adotar hábitos detox todos os dias, o ano todo, já que a vida moderna nos expõe com frequência à poluição e aos pesticidas, e nosso organismo não está totalmente equipado para lidar com toda essa carga tóxica. Consequentemente, o mecanismo de desintoxicação do fígado fica lento, o que permite certas substâncias nocivas permanecerem ativas por mais tempo que nosso sistema consegue aguentar. Resultado: aparecimento de doenças capazes de impedir o metabolismo de funcionar como deveria.
Além disso, o corpo passa a reter líquido e inchar, acumula metais pesados e tem dificuldade de controlar os níveis de açúcar no sangue e de manter os estoques de nutrientes – cenário perfeito para a inflamação crônica, considerada uma porta aberta para uma série de doenças e cansaço constante. Para evitar que seu organismo chegue nesse estágio, programe um detox mais restritivo, à base de suco verde (sugestão a seguir), smoothie, chás e sopa (receitas aqui), de tempos em tempos. Costumo recomendar esse protocolo no mínimo a cada seis meses e, no restante do ano, manter os hábitos de detoxificação para quem quer se manter saudável e com boa disposição.
Sugestão de suco verde detox: no liquidificador, bata 1 maçã com salsinha, salsão, limão, água e gelo a gosto. Beba em seguida.
Evite o excesso de toxinas no dia a dia
O primeiro passo para poupar o fígado de tanta toxina no dia a dia, é abandonar as bebidas e os alimentos ultraprocessados e embalados. Priorize os alimentos integrais, como grãos, cereais, feijões, nuts e sementes; frutas e vegetais, de preferência orgânicos; e óleos minimamente processados, como azeite e óleo de coco. Considere também eliminar alimentos aos quais seu organismo pode apresentar alergia ou intolerância e, por isso, são interpretados como toxinas, o que dificulta o funcionamento ideal de todo sistema.
Soja, glúten, milho, ovos, amendoim, marisco e laticínios são alimentos bastante alergênicos. Os sintomas envolvem inchaço e dificuldade para respirar e, por isso, são mais fáceis de serem detectados. Já as intolerâncias e seus sinais são mais sutis e podem desencadear uma resposta inflamatória no intestino, que leva à inflamação de todo o corpo (algumas pessoas podem apresentar intolerâncias aos grãos integrais, por exemplo). Os sintomas são diarreia, constipação, inchaço, eczema, dores nas articulações e enxaquecas.
Bebida alcoólica também é vista pelo organismo como toxina e, portanto, o consumo diário deve ser evitado. Do contrário, você aumenta o trabalho e o estresse do fígado.
Exercício ajuda no detox
A transpiração tira parte da responsabilidade do fígado na eliminação das toxinas. Aliás, a pele é o nosso principal órgão de desintoxicação e a transpiração é a melhor maneira de eliminar as toxinas do corpo.
Se você ainda não se exercita, caminhe forte por 30 minutos todos os dias ou faça outra atividade aeróbica (corra, pedale, nade, dance). O treinamento de força e uma boa sauna também fazem você suar e, junto, eliminar toxinas.
Por fim, procure ter um sono restaurador. É importante para o cérebro reparar os danos celulares causados pelas toxinas e por outros tipos de agressores aos quais nosso organismo é exposto com frequência. Durma de sete a oito horas por noite. Ah, não esqueça de beber água, muita água!
NÃO DEIXE FALTAR NO CARDÁPIO DIÁRIO
Consuma pelo menos três (ou mais) deles todos os dias
BRÓCOLIS. Adicione sementes de mostarda aos brócolis cozido para aumentar a formação de um dos principais compostos de desintoxicação de vegetais crucíferos, o sulforafano.
COENTRO. Em vez de comer o coentro cru, cozinhe para otimizar sua capacidade de se ligar às toxinas.
SALSINHA. Age como diurético e ajuda o fígado no trabalho de detoxificação.
ESPECIARIAS. Use especialmente açafrão (cúrcuma) e alecrim nas preparações para compensar a formação de compostos insalubres (por exemplo, aminas heterocíclicas) que se formam com o calor.
MEL (se não for vegano). Escolha a versão orgânica para ajudar a reduzir danos no DNA causados pelos pesticidas.
VERDES. Coma verduras ricas em clorofila. Elas se ligam às toxinas ajudando a removê-las do organismo.
MAIS DICAS PARA REDUZIR TOXINAS
COZIMENTO. Em vez de métodos de calor seco (micro-ondas), use cozimento lento, baixa temperatura e úmido para diminuir a formação de compostos inflamatórios.
RECIPIENTES. Substitua latas e plásticos por recipientes de vidro, sempre que possível.
VITAMINA C. Fale com sua nutricionista e questione se você precisa de um suplemento de vitamina C. Ela pode ajudar a reduzir os níveis de poluentes orgânicos persistentes e tamponar o organismo contra o estresse oxidativo causado por toxinas, além de reforçar a glutationa, muito importante no processo de desintoxicação.
*Daniela Cyrulin, nutricionista idealizadora do projeto Detox de Corpo e Alma.