Não faltam histórias de vegetarianos e veganos que têm dificuldade em montar refeições balanceadas. E, muitos que procuram orientação com um nutricionista e nutrólogo, saem frustrados do consultório, já que grande parte desses profissionais ainda insistem na necessidade de as pessoas consumirem alimentos de origem animal para manterem a saúde.
Mas é só uma questão de tempo para que as informações científicas derrubem de vez os mitos e tabus sobre a alimentação sem carne. Aliás, em 2012, o Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (CRN-3) emitiu um parecer favorável às dietas vegetarianas e orientou os nutricionistas quanto ao atendimento dos pacientes adeptos da alimentação sem carne.
Preocupada em capacitar profissionais das áreas da saúde e da nutrição no assunto, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) foi mais longe: em 2016, criou o curso de capacitação intitulado “Como atender um paciente vegetariano ou vegano”, ministrado primeiro em Recife e, depois, São Paulo. Na cidade paulistana, participaram 250 médicos e nutricionistas, sendo 25% do público vindo de outros estados.
De lá para cá, a busca por informação sobre o assunto só vem crescendo, assim como a oferta de cursos de capacitação. No segundo semestre de 2019, a UniRedentor, no Rio de Janeiro, inaugura a primeira pós-graduação vegetariana e vegana reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação). Coordenado pela nutricionista carioca Luna Azevedo, o curso, embasado em dados científicos, promete instruir e capacitar nutricionistas para a prática de atendimento de pacientes vegetarianos e veganos. “A demanda é grande e temos poucos profissionais qualificados.”
A grade da pós inclui desde aulas de crudivorismo, práticas gastronômicas e Ayurveda, até nutrição materno infantil e esportiva. “Será um marco na nutrição e um alívio para os pacientes, que terão contato com profissionais especialistas no assunto”, comemora Luna. Enfim, vegetarianos e veganos não terão mais dificuldade em encontrar um profissional que oriente-os corretamente como substituir a carne, ao invés de tentar convencê-los a voltar a comer ‘pelo menos um peixinho'.