Como ainda apresentam o sistema imune em desenvolvimento, as crianças são consideradas grupo de risco para gripe, transmitida pelo vírus influenza, e outras doenças respiratórias, como pneumonia. Mas, no caso do coronavírus, suspeita-se que a imaturidade do sistema imunológico é positiva, uma vez que leva a uma reação mais equilibrada do corpo frente ao vírus. O que tem sido visto é o vírus se tornar mais agressivo quando há uma resposta imune exagerada ou desregulada, o que gera o processo inflamatório por trás dos sintomas da doença. Outro ponto, é a menor exposição das crianças à poluição, que tende a ser um fator de risco para um sistema imune debilitado.
Vale relembrar, que apesar da pouca prevalência de casos confirmados em crianças, o cuidado com a higiene, para que não se encontrem mais propensas à infecção, e com a alimentação para que não tenham reações mais graves, é fundamental.
Sendo assim, é importante que os pais sigam as recomendações nutricionais para o fortalecimento do sistema imunológico dos pequenos. Isso não impede a contaminação pelo vírus, mas o organismo vai estar mais bem preparado apara enfrenta-lo. E, caso a criança desenvolva a covid-19, a recuperação pode ser será mais rápida, sem que haja danos mais graves.
Saiba quais nutrientes e alimentos são essenciais para fortalecer a imunidade dos pequenos e, assim, mantê-los mais resistentes contra gripe, resfriados e até mesmo o surto de coronavírus.
É POSSÍVEL “FORTALECER” O SISTEMA IMUNOLÓGICO
O sistema imunológico, tem uma série de reações bioquímicas que dependem de nutrientes específicos. Uma alimentação pobre e incompleta pode não oferecer os nutrientes necessários e as células de defesa do corpo acabam ficando menos eficientes.
O leite materno continua como padrão ouro para a nutrição e o fortalecimento do sistema imune, já que oferece praticamente todos os nutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais) que o bebê. Além disso, contém muitas outras substâncias que beneficiam o sistema imunológico, incluindo anticorpos, enzimas e células brancas do sangue. Quando a amamentação é exclusiva até os seis meses, desempenha papel fundamental nas condições ideais de saúde do bebê, com repercussões benéficas que se estendem por toda a vida.
De acordo com o Ministério da Saúde e com o Novo Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, lançado em novembro de 2019 com a contribuição científica da Sociedade Vegetariana Brasileira, até os 6 meses o bebê deve ser alimentado exclusivamente de leite materno. Não é preciso oferecer outro alimento, nem mesmo chás, sucos, água, água de coco, papinhas. Até nas estações mais quentes, o leite tem água suficiente para manter a criança hidratada. É um alimento que estimula o crescimento de bactérias saudáveis no trato intestinal e, com isso, as bactérias prejudiciais e mais propensas a causar doenças, ficam impedidas de se desenvolver, o que diminui o risco de infecções.
A introdução alimentar deve começar aos 6 meses de idade, e o leite materno continua em livre demanda até 2 anos ou mais, segundo orientação do Ministério da Saúde. O acompanhamento nutricional nessa fase é indispensável, já que deve ser realizada de forma gradual e adequada às necessidades da criança.
VITAMINAS E MINERAIS ESSENCIAIS PARA REFORÇA O SISTEMA IMUNOLÓGICO
Diversas vitaminas e minerais participam dos processos antioxidantes que protegem as células. Além disso, vale destacar que o organismo da criança (após os 6 meses), assim como o do adulto, precisa de proteínas para desenvolver os anticorpos. No caso da infecção pelo Coronavírus, o ideal é investir em alimentos que também oferecem ação protetora das vias aéreas.
Os principais micronutrientes envolvidos na melhora dos mecanismos de defesa:
Vitamina A. Apresenta atividade antioxidante, ou seja, evita o dano oxidativo das células imunes e aumenta a diferenciação das células de defesas. Outra grande ação dessa vitamina está relacionada à capacidade de manter a integridade da pele e das mucosas, ajudando na produção de muco para expelir partículas, deixando as vias respiratórias menos vulneráveis a infecções.
boas fontes: vegetais verde-escuros (espinafre, couve, agrião), frutas e hortaliças de cor alaranjada (mamão, cenoura, manga).
Vitamina E. Aumenta a produção de anticorpos que têm a função de combater infecções, além da ação antioxidante.
boas fontes: castanhas, nozes, amêndoa e sementes de girassol, linhaça e gergelim.
Vitamina C. Auxilia na produção e diferenciação das células de defesa. É um potente antioxidante e, portanto, é também uma vitamina com função importante na proteção das células do sistema imunológico.
boas fontes: frutas como laranja, caju, goiaba, kiwi, morango, goji berry e vegetais verde-escuros.
Vitamina D. Tem efeito imunomodulador, o que auxilia na regulação das células de defesa. Em um estudo recente, publicado no British Medical Journal (BMJ), pesquisadores concluíram que a suplementação de vitamina D é segura e protege contra infecções respiratórias.
boa fonte: tomar sol é a melhor maneira de se obter a vitamina D.
Ferro. Faz parte da composição de várias proteínas, incluindo enzimas, mioglobina e hemoglobina, atuando assim, no transporte de oxigênio para as células.
boas fontes: vegetais verde-escuros, leguminosas (feijão, ervilha, lentilha), cereais (quinoa, arroz integral e aveia) e sementes de abóbora e gergelim. Oferecer para a criança alimentos fonte de vitamina C após o consumo de alimentos ricos em ferro aumenta a absorção do mineral.
Zinco. A deficiência pode gerar defeitos metabólicos e estruturais nas principais células de defesa do organismo e afetar a integridade da pele, importante barreira física protetora, facilitando a entrada de agentes infecciosos.
boas fontes: leguminosas, sementes de abóbora de girassol, castanha de caju, tahine (pasta de semente de gergelim) e gérmen de trigo.
Selênio. De acordo com estudos, o consumo adequado de selênio tem fortes efeitos antivirais.
Boas fontes: castanha-do-pará, semente de girassol, cereais integrais e feijões.
Magnésio. Atua como co-fator de enzimas envolvidas na resposta imune e maturidade de células de defesa. Esse nutriente apresenta uma importante ação broncodilatadora e, por isso, melhora o quadro respiratório e as funções pulmonares.
Boas fontes: oleaginosas, leguminosas, cereais integrais, vegetais e folhas verde-escuras.
VITAMINAS E MINERAIS QUE DEIXAM O ORGANISMO MAIS RESISTENTE CONTRA GRIPES E RESFRIADOS
As vitaminas e minerais citados anteriormente (vitaminas A, E, C e D e os minerais ferro, zinco, selênio e magnésio).
O mais importante é manter uma boa alimentação, prezando pelo consumo de alimentos in natura e minimamente processados – entres eles, frutas, verduras, leguminosas, grãos, cereais integrais e oleaginosas, que são fontes dos nutrientes citados aqui, para que, assim, o sistema imunológico receba o suprimento necessário para combater o agente infeccioso o mais rápido possível.
É PRECISO MAIS QUE APENAS CONSUMIR ALIMENTOS RICOS EM MICRONUTRIENTES
Existem diversos outros fatores que estão relacionados ao sistema imunológico que vão além da alimentação.
Respeitar os horários das refeições e do sono das crianças é um fator que influencia muito na saúde, de uma forma geral. Sono e alimentação adequados são requisitos primordiais para controle do relógio biológico, mecanismos de estresse e apetite.
Não consumir alimentos ultraprocessados, como balas, biscoitos recheados, salgadinhos e outros alimentos ricos em corantes, açúcar e aditivos. Esses alimentos têm grande potencial inflamatório e, portanto, altamente prejudiciais à saúde.
É importante lembrar de manter o corpo devidamente hidratado, principalmente em caso de febre, onde muitas vezes ocorre desidratação. A hidratação também promove maior integridade das mucosas corporais.
A prática de atividades físicas é um outro fator que influencia no estado de saúde da criança. Faça com que ela se movimente, principalmente em momentos de brincadeiras e descontração, certamente irá trazer benefícios.
Enfim, para um sistema imunológico fortalecido é importante manter hábitos saudáveis não só referentes à alimentação, mas, de uma forma mais ampla, que abranja a saúde como um todo.
QUANDO INGERIR SUPLEMENTOS É INDICADO
Embora a suplementação de micronutrientes não seja recomendada de rotina para a população geral, tem seu papel em grupos de risco, quando os requisitos nutricionais não são alcançados pela alimentação. Nesses casos, pode ser indicado o uso de suplementos de forma complementar à alimentação, com orientação do médico ou nutricionista.
É importante manter um acompanhamento nutricional para que os níveis de micronutrientes sejam sempre controlados e, assim, em caso de qualquer deficiência, o problema possa ser tratado da melhor forma pelo profissional.
RECEITAS DELICIOSAS PARA COLORIR A QUARENTENA
Quer preparar receitinhas nutritivas, gostosas e saudáveis para o seu filho durante a quarentena? A chef Camila Botelho, especialista em gastronomia orgânica e vegetal, listou algumas para colorir e dar mais cor à rotina. Confira:
SUCO RICO EM VITAMINA C:
Ingredientes
1/2 mamão papaia
1 colher (sopa) de suco de limão
1/2 xícara (chá) de morango picado
1/2 copo (100 ml) de água filtrada
Gelo a gosto
Modo de fazer
Bata tudo no liquidificador e sirva.
SOPA FRIA DE CENOURA E GENGIBRE
Ingredientes
1 cebola ralada
2 dentes de alho ralado
1 alho-poró (parte branca) cortado em rodelas finas
Azeite (para refogar)
1 abobrinha ralada
1 colher (sobremesa) de louro em pó
1 cenoura
2 inhames médios (ou 1 batata-doce média)
1 litro de água
Salsinha picada, açafrão, sal e gengibre ralado a gosto
Modo de fazer
Refogue a cebola, o alho e o alho-poró com o azeite acrescente todos os ingredientes.
Cozinhe até todos as raízes ficarem macias. Espere amornar e bata no liquidificador. Ajuste o sal e sirva fria ou quente.
LEITE DE INHAME PARA OVERNIGHT
Ingredientes
2 inhames
1 litro de água filtrada
Modo de fazer
Descasque os inhames e cozinhe por 10 minutos (não deixe ficar mole). Bata no liquidificador com a água. Coe e consuma em até 3 dias (armazene na geladeira).
PURÊ DE LEGUMES
Ingredientes
1 legume e 1 folha com tons escuros e fortes (sugestões: cenoura e espinafre ou mandioquinha e brócolis)
¼ cebola picada
1 pitada de sal
1 fio de azeite extravirgem
1 fio de óleo de linhaça
Leite de coco
Salsinha picada ou hortelã a gosto
Modo de fazer
Em uma panela, cozinhe o legume e a folha com a cebola e o sal até que fiquem bem macios. Retire-os da água e amasse com um garfo. Coloque em uma panela e acrescente um pouco de leite de coco. Mexa bem. Por fim, junte a salsinha picada (ou hortelã) e regue com o azeite misturado com o óleo de linhaça.
HOMUS ROSA
Ingredientes
½ beterraba cozida sem casca
1 colher (sopa) de azeite de oliva
1 dente de alho
1 xícara de grão de bico cozido
2 colheres (sopa) de tahine
Suco de meio limão
Modo de fazer
Cozinhe o grão de bico e reserve a água do cozimento. Lembre-se de deixar a leguminosa de molho por 8 horas. Em um liquidificador ou processador, coloque a beterraba, o grão de bico cozido, o alho, o tahine, o suco de limão e um pouco de água do cozimento do grão de bico. Bata até formar uma pasta. Adicione lentamente o azeite, até que a mistura fique espessa e lisa, e ajuste o sal. Caso não atinja a consistência desejada, acrescente mais um pouco de água.
PÃO DE AVEIA
Ingredientes
3 colheres (sopa) de linhaça triturada
1 xícara de farelo de aveia
2 colheres (sopa) de psyllium
1 colheres (sopa) de chia
1 colher (sopa) de semente de abóbora
1 xícara de água morna
1 colher (sopa) de fermento químico
1 colher (sopa) de gergelim por cima
Modo de preparo
Em um bowl, misture todas as farinhas com a chia e acrescente a água morna. Mexa bem e, em seguida, acrescente as sementes, o sal e temperos a gosto. Por fim, adicione o fermento biológico seco. Deixe a massa descansar por 30 minutos coberta por um pano de prato. Em seguida, modele e enfeite como preferir. Leve ao forno pré-aquecido a 200 graus por 30 minutos.
*LUNA AZEVEDO é nutricionista materno infantil, atuante em alimentação vegana e vegetariana.