Uma fruta, diferentes benefícios (não só para a saúde). A produção de cambuci tem contribuído para a recuperação da Mata Atlântica e gerado renda para cerca de 200 famílias produtoras, de cidades do Estado de São Paulo que integram o Bioma Mata Atlântica – entre elas, Juquitiba, Embu-Guaçu, Parelheiros, Salesópolis, Natividade da Serra e São Luiz do Paraitinga. Graças à capacitação dos pequenos agricultores e assistência técnica, a produção vem crescendo significativamente a cada ano. Este anos, a previsão é de que, juntas, as famílias produtoras colham aproximadamente 200 toneladas de cambuci, 20% a mais que em 2020. Dependendo da região, a colheita começa em fevereiro, ou termina em junho. Há ainda localidades onde ocorre uma segunda safra em setembro.
Campeão em vitamina C
O cambuci tem mais vitamina C que a laranja, além de uma boa dose de vitamina A – nutrientes que favorecem muito o sistema imunológico – e, por isso, deveria fazer parte da alimentação de todo brasileiro, mas ainda não é o que acontece. Dependendo da região, o máximo que as pessoas ouviram falar é da cachaça de cambuci, mas nunca provaram a fruta. Por isso o Instituto AUÁ tem feito um trabalho intenso de divulgação. Com esse objetivo, criou o Festival Gastronômico do Cambuci, que durante 13 anos aconteceu na rota do cambuci, em diferentes cidades. Este ano, por causa da pandemia do coronavírus, o formato teve que ser adaptado: de abril a maio, receitas criadas com a fruta por nutricionistas, fizeram parte do cardápio de restaurantes que funcionam dentro de alguns hospitais. Madrinha do festival, a chef Bel Coelho também incluiu o cambuci em pratos do seu restaurante Cuia Café.
De sabor ácido, a fruta pode ser usada em receitas salgadas e doces, como suco, creme, sorvete, sobert, geleia, molhos, chutney, vinagrete e pratos mais elaborados. Como e onde comprar? O site www.institutoaua.org.br informa os pontos de venda (ou delivery) da fruta congelada, com entrega em todo o Brasil.
Produtores comprometidos com a agroecologia
O Instituto Auá também é responsável pelo Ecomercado da Mata Atlântica que surgiu para incentivar o consumo do cambuci pela população e ampliar a comercialização de produtos dessa e de outras frutas nativas da Mata Atlântica. O Ecomercado também assegura a parceira de produtores comprometidos com uma produção agroecológica (sem uso de agrotóxicos, biodiversa e de pés plantados). “Alguns produtores já têm certificação de orgânico, mas a maioria está aguardando a demanda se concretizar melhor para, então, poder pagar um certificador”, explica Gabriel Menezes, presidente do Instituto Auá. A produção do cambuci, segundo Menezes, tem como principal objetivo trazer a Mata Atlântica de volta de onde foi tirada, a partir da implantação de sistemas agroflorestais de frutas nativas em áreas de pasto ou de monocultura de exóticas, como eucalipto, cana de açúcar, laranja.
