As dietas que priorizam verduras, legumes, cereais integrais, oleaginosas e frutas, com pouco espaço para carnes, laticínios, açúcares de adição e gorduras saturadas, acarretam menos danos ao planeta e protegem a população do risco de sobrepeso e obesidade. A afirmação é do primeiro estudo a avaliar o que de fato acontece com a nossa saúde quando optamos por dietas saudáveis também para o meio ambiente, realizado pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), junto à Universidade de Zaragoza, na Espanha, e publicado em outubro na revista científica Nutrientes.
Para chegar a esse resultado, o pesquisador Leandro Cacau e equipe desenvolveram o índice da Dieta da Saúde Planetária, que mede a aderência da população a dietas mais sustentáveis ao planeta. O segundo passo foi avaliar a saúde, mais especificamente a gordura corporal, dos brasileiros participantes da pesquisa. Aqueles com maior índice de adesão a essas dietas, apresentaram 24% menos risco de ganhar peso acima do limite considerado saudável.
Esse mesmo grupo também mostrou 14% menos vulnerabilidade ao acúmulo de gordura no abdômen ou 27% menos de agravar a obesidade abdominal. “(Esses resultados) independem de características sociodemográficas, de estilo de vida e estado de saúde, como sexo, idade, escolaridade, hábito de fumar, prática de exercício, presença de diabetes e hipertensão, entre outros”, disse Leandro Cacau em entrevista ao Jornal da USP. Os pesquisadores também identificaram que aqueles que pior pontuaram no índice tinham os maiores valores de Índice de Massa Corporal (IMC) e de circunferência da cintura. A próxima etapa do estudo é avaliar a relação da Dieta de Saúde Planetária com as doenças cardiovasculares.
Dieta de Saúde Planetária
Proposto no relatório Food in the Anthropocene: the EAT–Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems, publicado no jornal científico The Lancet, o modelo da Dieta de Saúde Planetária tem como objetivo promover o uso sustentável e consciente dos recursos do planeta. Sabe-se que, para isso, serão necessárias mudanças radicais no atual padrão de consumo da população mundial. Do contrário, deixa de existir a garantia de nutrição e saúde para as 10 bilhões de pessoas estimadas em 2050.
Como os pesquisadores chegaram ao índice das dietas: os alimentos foram divididos em 16 grupos e, depois, pontuados de 0 a 150 de acordo com a emissão de gases de efeito estufa gerados na produção de cada um deles. Em geral, quanto mais vegetais, mais próximo a dieta chega dos 150 pontos; e quanto mais sugere itens de origem animal e ultraprocessados, mais se distancia e pode até zerar, o que mostra um custo ambiental maior das refeições.
FONTE: Jornal da USP.
