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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL MELHORA A SAÚDE MENTAL

Nutricionista afirma que comer bem reduziria a necessidade de antidepressivos


daniela cyrulin* | Jan 13, 2021

Assim como o outubro rosa é reservado ao combate do câncer de mama e o novembro azul ao do câncer de próstata, o janeiro branco é dedicado à conscientização dos cuidados com a saúde mental. Este ano, a campanha, antes pouco falada, ganhou um pouco mais de evidência por causa do aumento do estresse, ansiedade e depressão provocado pelo medo e isolamento social em função da epidemia da Covid-19. A má nutrição também é capaz de alterar a saúde mental, mas, a boa notícia é que essa alteração pode ser tanto de maneira negativa quanto positiva.

Embora muitas pessoas deem de ombros para o assunto, o desequilíbrio alimentar causa inflamação crônica e silenciosa do organismo piorando os quadros de ansiedade, depressão, síndrome do pânico entre outras doenças mentais. Acredito que até 90% das pessoas que tomam ansiolíticos e antidepressivos, hoje, poderiam não precisar desses medicamentos se estivessem seguindo uma alimentação saudável, além de um estilo de vida que chamo de “estilo de vida anti-inflamatório”, o que inclui sono de qualidade, prática de alguma atividade física diária, resiliência ao estresse com meditação, respiração profunda e terapia.

Aqui, vou me deter à alimentação e aproveitar para ressaltar que todo alimento colocado para dentro do organismo influencia em quase tudo – dos níveis de insulina ao equilíbrio hormonal, das dores no corpo aos desejos por açúcar – e, consequentemente, pode ter efeitos significativos na nossa ansiedade, memória e humor em geral. Por isso, costumo sugerir quatro estratégias alimentares para uma boa saúde mental e, consequentemente, melhora do humor e do controle de estresse, além de um sono de boa qualidade, mais concentração e energia.

1. Eliminar os alimentos processados e o açúcar

Ricos em açúcar, gordura saturada, corantes, conservantes e aromatizantes, eles intoxicam e inflamam o organismo. Já o açúcar adicionado, causa o aumento de glicose no sangue, elevando os níveis de insulina, hormônio que controla os níveis e a atividade dos hormônios do estresse. Quando você retira esses alimentos do seu dia a dia, inicia sua jornada

para domar a inflamação, a oxidação das células (envelhecimento) e a resistência à insulina, o que garante 80% de chance de estar no caminho para uma alimentação mais saudável para seu corpo e mente.

2. Alimentar bem o intestino

Um intestino desinflamado, equilibrado e rico em bactérias “do bem” é sinônimo de saúde mental em dia. Inclua probióticos, como iogurte natural, bebidas fermentadas (kombucha e kefir) e alimentos fermentados (missô, pasta de soja fermentada). Os probióticos na forma de suplementação também são bem-vindos, mas, nesse caso, o ideal é  consultar um nutricionista para o tipo e a dose ideais para você.

3. Adotar períodos de dieta cetogênica

Rica em gordura “do bem”, como azeite extravirgem, abacate, castanhas e sementes e pobre em carboidratos, a dieta cetogênica pode diminuir os níveis de insulina, estabilizar os níveis de glicose e permitir que o cérebro queime mais gordura do que glicose para obter energia. Por isso é considerada uma estratégia importante para as pessoas quem está tentando melhorar o acesso do cérebro à energia e saúde geral do metabolismo cerebral. Para quem não consome carne, existe a keto plant, uma dieta cetogência vegetariana.

4. Fazer jejum intermitente

Assim como a dieta cetogênica, o jejum intermitente pode reduzir os níveis de insulina e glicose no sangue, o que tem efeitos significativos na saúde do cérebro. Ficar sem consumir nada (apenas água) por 12 horas, período entre o jantar e a primeira refeição do dia seguinte, duas ou três vezes por semana, já traz resultados. Mas, o ideal é consultar um profissional especialista no assunto para discutir o tempo de jejum correto para você.   

ERROS ALIMENTARES DURANTE A PANDEMIA

Neste período de pandemia, muita gente tem abusado da cafeína para dar um up na energia, do álcool para “relaxar” e dos doces usando a desculpa “eu mereço, estou cansado”. Fora os pedidos de comida por delivery por culpa da preguiça ou da falta de hábito para cozinhar (ou as duas coisas juntas). Isso tudo tem piorado a imunidade, energia e saúde mental de boa parte da população. Embora a pandemia continue preocupante, não dá para manter esses maus hábitos. Então vão mais quatro sugestões:

1. Evite bebida alcoólica para não minar sua imunidade e manter a mente em equilíbrio.

2. Reduza a cafeína que, em excesso, rouba energia e faz você perder o foco.

3. Aventure-se em novas receitas (saudáveis, claro) e convide as crianças para participarem desse momento (funciona como atividade terapêutica); outra possibilidade é cozinhar a dois (você e seu parceiro) e aproveitar para conversar e relaxar.

4. Organize-se! Saiba com antecedência o cardápio da semana, faça as compras, lave as frutas, verduras e legumes e cozinhe os cereais (arroz, trigo) e as leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico) que serão consumidos entre segunda e sexta para agilizar o seu tempo na cozinha.