Durante a gestação, as mulheres precisam redobram os cuidados com a alimentação para garantir todos os nutrientes necessários na formação e no crescimento adequados do bebê. A qualidade desses nutrientes também importa, especialmente a da gordura. Estudos mostram que a presença na dieta materna de gorduras insaturadas, consideradas boas, ajuda no desenvolvimento fetal e melhora a composição corporal do recém-nascido. Já as gorduras saturadas aumentam o risco de um bebê grande para a idade gestacional, o que pode trazer complicações durante o parto, além de favorecer o aparecimento de doenças na fase adulta, segundo estudo da Universidade de São Paulo (USP) realizado em 2021 e publicado na revista científica Nutrition.
As gorduras saturadas estão presentes nos óleos vegetais de coco, dendê e babaçu, mas principalmente nos alimentos de origem animal: carnes vermelhas e brancas, peles de aves, leite, queijo, manteiga e creme de leite. Essas gorduras podem ser responsáveis pelo aumento do colesterol total e do colesterol “ruim” do organismo e, por isso, o consumo deve ser muito bem controlado para reduzir o risco de doenças cardíacas e ganho de peso em excesso. O limite de consumo da gordura trans deve ser ainda mais restrito.
TRANS: A PIOR DAS INIMIGAS
Ainda encontrada em muitos salgadinhos de pacotes, bolo prontos, massas instantâneas e outros produtos industrializados, a trans não só eleva os níveis de colesterol “ruim” (LDL) como diminui os do “bom” (HDL) aumentando o perigo de doença arterial coronariana. Na dieta materna, não deve existir nem traço da trans, especialmente no segundo trimestre da gravidez, quando ocorre a programação metabólica do tecido adiposo fetal, ou seja, a adiposidade do bebê começa a ser definida. Nessa etapa, as futuras mamães devem procurar um profissional na área da nutrição para fazer novos ajustes na alimentação com o objetivo de proteger a saúde do bebê.
GORDURAS ALIADAS
E as gorduras boas? No estudo da USP, as gestantes participantes apresentaram 48% menos risco de ter filho grande para a idade gestacional com o consumo de gordura poli-insaturada na quantidade adequada. É encontrada nos óleos de soja e girassol, no azeite de oliva, no ovo, na sardinha e no salmão. As gestantes vegetarianas podem apostar no consumo de algas, sementes de linhaça moídas, óleo de linhaça, nozes, feijão de soja e óleo de canola e outros alimentos vegetais ricos em ômega-3 – um ácido graxo poli-insaturado de cadeia longa também importante para o desenvolvimento do cérebro, dos olhos e do sistema nervoso do bebê. A quantidade, porém, deve ser avaliada e ajustada de acordo com a proporção de ômega-6, já que, na maioria dos casos, a ingestão é maior em ômega-6 e menor em ômega-3.
Consumidos nas quantidades e proporções adequadas, os ômegas-3 e 6 oferecem mais benefícios: reduzem o risco de prematuridade, têm funções anti-inflamatória e antioxidante, amenizam o estresse oxidativo e controlam os sintomas depressivos da mãe nos períodos pré e pós-gestação. São nutrientes que devem ser mantidos na alimentação ao longo da vida da mãe e da criança, já que têm influência na intelectualidade, além de ajudar na prevenção e no tratamento de diversas doenças como obesidade, câncer de cólon e doenças cardiovasculares e imunológicas.