A FALTA DE B12 E O RISCO DE DEPRESSÃO

Cuidar do cardápio é pouco, mas é um começo


Michele Alves | Jan 20, 2020

Apelidada de "Doença do Século", a depressão atinge nada menos que 300 milhões de pessoas no mundo todo. O Brasil é campeão entre os países da América Latina, com 5,8% da população afetada pela doença, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a OMS. Os sintomas vão de tristeza profunda a falta de sono e apetite, passando por desânimo de realizar até mesmo as atividades que antes eram consideradas agradáveis, o que pode comprometer a vida profissional, familiar e social. É uma doença preocupante e precisa ser tratada adequadamente por um profissional da área de saúde.  

Hipotireoidismo, hipoglicemia, eventos traumáticos, estresse físico e psicológico, consumo de drogas e remédios fortes e oscilação hormonal (no caso das mulheres) são considerados gatilhos da depressão. Mas não são os únicos. Uma alimentação desequilibrada (pobre em vitaminas e rica em açúcar, sal e gordura saturada) também é vilã. “É fundamental entender que a depressão, assim como outros quadros psiquiátricos, é multifatorial e deve ser avaliado, diagnosticado e tratado com acompanhamento médico. Paralelamente, é recomendado um ajuste no cardápio para corrigir carências nutricionais, especialmente de vitamina B12”, avisa a nutricionista Flora Vieira, do Rio de Janeiro.

A parte do nosso organismo que mais sofre as consequências com a falta de B12 é o sistema nervoso central. Ele sinaliza com formigamento nos pés e nas mãos, falta de concentração, irritabilidade, esquecimento, agitação e, em casos mais graves, alterações psiquiátricas como depressão. Por que isso acontece? "A vitamina B12 participa na formação da bainha de mielina, a capa de gordura que envolve os neurônios e, sem ela, o sistema nervoso sofre as consequências", explica a nutricionista. 

De acordo com um estudo realizado pelo psiquiatra americano Drew Ramsey, da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, a prevenção dos quadros depressivos também depende das vitaminas C, B1 e B9, assim como de magnésio, ômega-3, fibras, zinco e ferro. São substâncias encontradas em tipos variados de alimentos. Não é o caso da B12. 

Tem que suplementar 

Presente apenas em alimentos de origem animal, como carnes, ovos e leite, a vitamina B12 precisa ser suplementada principalmente por quem segue uma alimentação vegetariana. O cuidado deve ser ainda maior entre os veganos, mesmo aqueles que têm um cardápio muito bem planejado. É sério. E só quem pode avaliar a quantidade ideal para cada caso (na forma injetável ou em cápsula) é um profissional da saúde (médico, nutricionista ou nutrólogo). 

E não hesite em acrescentar no cardápio alimentos que têm substâncias capazes de  combater os gatilhos da depressão, como ansiedade e estresse. Isso também ajuda. A nutricionista Gisele Freitas, de São Paulo, dá alguns exemplos: "Frutas cítricas (ricas em vitamina C, reduzem os níveis de cortisol, hormônio aliado do estresse ), aveia (tem fibras e magnésio, importantes para baixar a ansiedade), mel e banana (estimulam a produção de neurotransmissores do bom humor), sementes e castanhas (fonte de ômega-3, combatem processos inflamatórios no sistema nervoso). São estratégias pequenas diante da gravidade da depressão. Mas vale você se cercar de todas as possibilidades (saudáveis, claro) para se manter fora da estatística crescente da doença.