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MEL, MELADO E MELAÇO: QUAL USAR?

Entenda a diferença entre os três e faça sua escolha


VIVIANE NUNNER* | Mar 04, 2024

Para os veganos, o mel está fora da lista de alimentos permitidos, isso porque se trata de um produto de origem animal – depende das abelhas para a coleta do néctar das flores e alimentação da colmeia. As opções, então, podem ser o melado e o melaço, ambos de origem vegetal. Já os vegetarianos e onívoros podem escolher qualquer um dos três ou fazer um rodízio entre eles, principalmente entre o mel e o melado, ambos com propriedades nutricionais mais interessantes que o melaço. Segundo definição da Resolução da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (1978), o melaço é obtido de matéria-prima que passou por processos de refinamento e, portanto, supõe-se que tenha menos vitaminas e minerais que o melado.

Melaço – líquido que se obtêm como resíduo de fabricação do açúcar cristalizado, do melado ou da refinação do açúcar bruto.

Melado – líquido xaroposo obtido da evaporação do caldo de cana (Saccharum officinarum) ou a partir da rapadura.

Sabor e aparência

O melado e o melaço têm sabor muito próximo. Lembra caramelo, com um toque de amargor que pode variar de intensidade de acordo com o estágio do processo de produção do açúcar. A primeira fervura do caldo da cana produz um melado leve, que tem um sabor mais doce do que o melaço da segunda e terceira fervuras.

Das três opções, o mel é o mais doce, com notas das flores que as abelhas visitam para tirar o néctar e, por isso, o sabor pode variar de local para local. O mel das abelhas que visitam as flores de laranjeira não tem o mesmo sabor do mel das abelhas que visitam as flores de eucalipto, por exemplo.

A aparência do mel também é diferente: a cor tende a ser âmbar e translúcida. Alguns tipos mais escuros se aproximam da tonalidade do melado ou melaço mais claro. De qualquer maneira, esses dois últimos são sempre mais escuros e opacos que o mel.

Melado: rico em cálcio e ferro  

Não há diferença significativa entre o valor energético e a concentração de carboidratos entre o mel e o melado, mas se você precisa reforçar o cálcio e o ferro na alimentação diária, prefira o melado. Também é rico em magnésio, fósforo e potássio.

MELADO (100 g)

Valor energético: 297 kcal

Cálcio: 102 mg

Ferro: 5,4 mg

Magnésio: 115 mg

Fósforo: 74 mg

Potássio: 395 mg

MEL (100 g)

Valor energético: 309 kcal

Cálcio: 10 mg

Ferro: 0,3 mg

Magnésio: 6 mg

Fósforo: 4 mg

Potássio: 99 mg

Obs: nas amostras de melados comerciais, as concentrações de ferro chegam a ser de 3 a 8 vezes maiores que nos melados fabricados com caldo de cana-de-açúcar moído em moinho inox. 

Mel: combate bactérias

Apesar de pobre em minerais, quando comparado ao melado, o mel tem inúmeros benefícios à saúde, pois apresenta atividade antimicrobiana, protetor de doenças gastrointestinais, propriedades antioxidantes e prebióticas (alimenta as bactérias saudáveis do intestino). Vale salientar que a composição e as propriedades do mel variam de acordo com a fonte floral. 

Pesquisas também mostram que muitas bactérias patogênicas e alguns fungos são sensíveis à atividade antimicrobiana do mel. Exemplo de alguns patógenos (e possíveis infecções) sensíveis à ação do mel: Escherichia coli (diarréia e infecções urinárias), Haemophilus influenzae (infecções respiratórias, sinusites), Klebsiella pneumoniae (pneumonia), Mycobacterium tuberculosis (tuberculose), Salmonella species (diarreia), Streptococcus faecalis (infeções urinárias), Streptococcus mutans (cáries dentárias), Streptococcus pneumoniae (meningites, pneumonias e sinusites), Streptococcus pyogenes (infecção de garganta e febre reumática).  

Junto à atividade antibacteriana, o mel ainda se mostra capaz de promover e reparar danos à mucosa intestinal, estimulando o crescimento de novos tecidos e funcionando como um agente anti-inflamatório. Além disso, tem efeito antioxidante, pois é rico em compostos bioativos como ácidos fenólicos, flavonóides e carotenóides; e contém várias enzimas digestivas.  

Obs: quanto mais escuro o mel, mais alta sua capacidade antioxidante.

E o índice glicêmico?

Dependendo da florada, o mel pode apresentar médio índice glicêmico, mas é raro. A maioria das pesquisas afirma que tanto o mel quanto o melado e o melaço têm alto índice glicêmico. Por isso, o consumo deve ser moderado e evitado por quem tem diabetes (é importante a avaliação de um nutricionista ou médico).