RÓTULO

DECIFRE O RÓTULO E MELHORE SUA ALIMENTAÇÃO

O que você deve checar até que a indústria deixe as informações mais evidentes


Eliane Contreras | Jun 24, 2020

Se você acha que o rótulo dos alimentos mais confundem do que facilitam a vida do consumidor, vai gostar de saber: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, estabeleceu novas normas de rotulagem, com informações mais transparentes. “O consumidor vai entender melhor o rótulo e, consequentemente, a indústria vai se sentir forçada a melhorar a qualidade dos alimentos”, comemora a engenheira de alimentos Eloisa Espinosa, de São Paulo. O prazo para a indústria se adaptar às novas regras ainda não foi definido, mas, pelo menos, existe a certeza que daqui a um tempo, as embalagens terão mais clareza.

 

Os alimentos com alto teor de sódio, gordura ou açúcar adicionado receberão a ilustração de uma lupa preta na embalagem, ressaltando essas informações. O modelo de rótulo é o mesmo adotado no Canadá e foi aprovado pela Anvisa após realizadas pesquisas sobre sua eficácia no entendimento. Os nutrientes (sódio, gordura e açúcar) foram escolhidos por terem relação com problemas de saúde pública, como doenças cardiovasculares. E a gordura trans? A indústria começou desde já a reduzir a quantidade, mas até 2023 esse item deve ser banido de vez dos produtos alimentícios. 

Mudanças na tabela nutricional

Além da lupa na parte da frente, o novo rótulo deve trazer a quantidade de nutrientes por 100 g (no caso dos sólidos) e 100 ml (no caso de líquidos) para facilitar a comparação do produto com outros da mesma categoria. É uma forma de padronizar as informações e evitar que o consumidor caia na cilada de achar que os valores são referentes ao conteúdo todo do pacote, e não a uma porção, como passará a ser com as novas diretrizes da Anvisa. 

Para o glúten, a legislação continua a mesma estabelecida há alguns anos. “Todos os produtos, independentemente do tipo, devem trazer as frases ´contém glúten´ e ´não contém glúten´”, explica Eloisa. Em relação à lactose, as informações serão  padronizadas com as frases “baixa lactose” (entre 100 ml e 1 g a cada 100 g do produto pronto), “isento de lactose” (até 100 ml em 100 g) e, nos produtos específicos para pessoas intolerantes ao ingrediente, “não contém lactose”.

E o açúcar escondido?

A indústria tende a reduzir a quantidade de açúcar adicionado, além de suspender o uso de xaropes, como o de milho e de mandioca, por causa da dificuldade de serem identificados pelo consumidor. A maltodextrina, que tem alto índice glicêmico, também está na mira da nova legislação. Porém, até que todas essas mudanças sejam implantadas, o consumidor precisa continuar usando a própria lupa para investigar o rótulo, atrás dos variados nomes usados para o açúcar e de outros ingredientes pouco bem-vindos à saúde. 

7 PASSOS PARA LER O RÓTULO

A engenheira de alimentos Eloisa Espinosa recomenda alguns passos para você decifrar o rótulo e fazer dele um aliado na hora da compra do supermercado.

1. As calorias e os nutrientes geralmente equivalem a uma porção, e não ao conteúdo todo da embalagem.

2. A lista de ingredientes que vem abaixo da tabela nutricional descreve tudo o que contém na composição, além de organizá-los em ordem decrescente: aqueles usados em maior quantidade aparecem primeiro. Portanto, recuse os produtos em que farinha refinada ou açúcar estão no começo da lista. Se o objetivo é comprar pão integral, a farinha integral deve ser o primeiro ingrediente, por exemplo.

3. Quanto menos ingredientes melhor. É o que tem evidenciado a tendência da saudabilidade, em especial para o teor de sódio, gordura hidrogenada e aditivos químicos.

4. Atenção à frase “colorido e aromatizado artificialmente”. Evite especialmente o corante amarelo tartrazina por ser altamente alergênico.

5. Alérgicos a lácteos devem investigar a possível presença de caseína, caseinatos e lactoalbumina – diferentes proteínas do leite de vaca.

6. Se estiver procurando um produto fonte de fibras, considere aqueles com no mínimo 2,5 gramas por porção. Só quando tem acima de 5 gramas, o alimento é considerado rico em fibras.

7. O limite máximo de sódio não deve ultrapassar 400 miligramas em 100 gramas. Mais do que isso, recuse o produto.